A escassez de crédito no mercado alterou o comportamento de compra do pequeno varejo, que, para administrar melhor seu estoque, passou a dar preferência a produtos mais básicos e adquiri-los em menor quantidade, aumentando, porém, o número de idas os pontos-de-venda e de distribuição atacadistas. No primeiro mês do ano, setor alcançou crescimento de 4,5% nas vendas em comparação com igual período do ano passado e a expectativa é obter alta real de até 3% no primeiro trimestre, aponta a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad).
A avaliação de Roberto Müssnich, diretor-geral do Atacadão, rede pertencente ao Grupo Carrefour, para não comprometer o capital de giro neste momento de crise e manter a saúde financeira, os pequenos supermercadistas voltaram mais ainda sua atenção aos hábitos de compra de seus clientes, que passaram a buscar produtos mais baratos e básicos.
Desta maneira, esses empresários deverão equacionar melhor a fórmula estoque-e-preço. "A importância do pequeno varejo deverá sobressair na crise, pois ele conhece o consumidor e o atende com particularidade. Outro fator é o crédito, pois nesta esfera do comércio ainda existe a velha caderneta, uma forma financiamento muito comum", afirma Müssnich.
Em relação do ritmo de vendas o diretor-geral garante que os resultados do primeiro bimestre foram superiores aos obtidos no ano passado, mas preferiu não revelar nenhum indicativo. "Em 2008 mantivemos a média de crescimento dos últimos dez anos, sempre acima dos dois dígitos."
Depois da aquisição do Atacadão em abril de 2007, o Carrefour estabeleceu o compromisso de dobrar o tamanho da rede de auto-serviços em três anos, que na época somava 36 unidades. Atualmente, são 50 pontos em diversas regiões do País, sendo que para este ano está confirmada a inauguração de outros dez. A bandeira de "atacarejo" vai abocanhar a maior parte fatia do aporte de R$ 1 bilhão previsto para este ano.
Müssnich ressalta que "por decisão do grupo não cortamos nenhum centavo de investimento. A verdade é que nosso modelo de negócio é anticrise, pois aqueles que buscam alternativas para economizar recorrem ao 'atacarejo', que nada mais é do que do que um novo canal de vendas." Para se ter idéia do plano de expansão da rede, ontem, o executivo estava em Vila Velha (ES) para a abertura de uma loja e na próxima semana será a vez de ir rumo a Juazeiro do Norte (CE).
Esta é exatamente uma das estratégias do concorrente Assai Atacadista, do Grupo Pão de Açúcar, que no final do ano passado estabeleceu base no Nordeste, começando pela capital cearense. Um ano após a compra de 60% do seu capital, a rede dobrou de tamanho, totalizando 28 lojas, o lucro líquido chegou a R$ 21,8 milhões, além da participação de 7% no faturamento de R$ 20,8 bilhões da holding em 2008.
Assim como os conglomerados Wal-Mart (Maxxi Atacado) e Grupo Pereira (Comprefort Atacadista), o Assai terá crescimento descentralizado indo para Minas Gerais, Distrito Federal e Rio de Janeiro. A rede também terá prioridade no investimento de R$ 1,2 bilhão este ano.
Distribuidora
No âmbito dos alimentos frigorificados, o grupo pernambucano KarneKeijo, um dos maiores distribuidores deste gênero na Região Nordeste - que teve faturamento de R$ 242 milhões ano passado, cifra 18% maior -, endossa o argumento sobre o crescimento do volume de vendas nos dois últimos meses. De acordo com o diretor comercial da empresa, Gerson Miranda, foi reportado avanço de 15% a 20% nas vendas neste período, indicativos de que o mercado continua forte. E o objetivo é fechar o trimestre, quiçá o ano, com a mesma méda.
Miranda confirma ainda que "os clientes ficaram um pouco mais cautelosos e estão comprando de maneira mais cuidadosa, pois o crédito também está escasso no mercado". Para ele, a situação é um sinal positivo, visto que a companhia atinge o objetivo de vender, e o estoque do pequeno varejo fica equilibrado.
Em conversa com os concorrentes locais, o executivo identificou que eles também estão mantendo o mesmo ritmo na comercialização de seus produtos. O Grupo KarneKeijo é formado pelas empresas Tru Logística, que presta serviços para o Wal-Mart, Batavo e Kibon; o KarneKeijo Food Service, votado para estabelecimentos transformadores como restaurantes, e o Deskontão Atacado, instalado em Recife (PE), que neste ano somará três operações no município.
Carlos Eduardo Severini, presidente da Abad e diretor do Tenda Atacado, ressalta que cada empresa tem o seu planejamento de estoque, mas que geralmente o pequeno varejo faz compras semanalmente. Ele calcula ainda que no segundo semestre, tradicionalmente mais aquecido, o setor deverá ter alta real de até 4%.
A escassez de crédito no mercado promoveu uma reorganização no relacionamento do pequeno varejo com o atacado, que passaram a criar, juntos, alternativas para manter a adimplência e melhorar a administração do estoque nestes estabelecimentos de menor porte. Os varejistas passaram a dar preferência a produtos mais básicos e a adquiri-los em menor quantidade e maior frequência, obrigando os atacadistas a fazer mais entregas nos pontos-de-venda.
No primeiro mês do ano, o atacado cresceu 4,5% em comparação com igual período do ano passado, e a expectativa é obter aumento real de até 3% no primeiro trimestre, aponta a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad).
Na avaliação de Roberto Müssnich, diretor-geral do Atacadão, rede pertencente ao Grupo Carrefour, para não comprometer o capital de giro neste momento de crise e manter a saúde financeira, os pequenos supermercadistas voltaram mais ainda sua atenção aos hábitos de compra de seus clientes, que passaram a buscar produtos mais baratos e básicos.
Assim, esses empresários deverão equacionar melhor a fórmula estoque-e-preço. Para Müssnich, "o pequeno varejo deverá sobressair na crise, pois ele conhece o consumidor e o atende com particularidade. Outro fator é o crédito, pois nesta esfera do setor ainda existe a velha caderneta, uma forma de financiamento".
No crescimento do setor, o Nordeste do País tem ganhado papel de destaque. O grupo pernambucano KarneKeijo, um dos maiores distribuidores da região, reporta um avanço de 15% a 20% nas vendas no primeiro bimestre.
Veículo: DCI