Em função da crise, esses produtos, que chegam a ser até 20% mais baratos, podem ser vedetes.A queda na renda familiar deve estimular o consumo de produtos de marca própria dos supermercados
A queda da confiança do consumidor, abalada pela deterioração do cenário econômico, e a conseqüente revisão do orçamento familiar, devem estimular o consumo de produtos de marca própria em 2009 que são, em média, de 15% a 20% mais baratos na comparação com os produtos top of mind.
Em 2008, segundo estimativas do superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, a participação desse tipo de produto no total das vendas feitas pelos supermercados no Estado deve ter ficado entre 8% e 9%. "Acredito que neste ano as marcas próprias respondam por 10% ou mais do total comercializado", observou.
Ele ressaltou que, nos últimos anos, os artigos de marca própria estão ampliando sua presença nos lares mineiros. "Em 2001, a participação ficou na casa dos 4%. No ano seguinte, passou para 4,6% e em 2003 para 4,8%. Quatro anos depois, em 2007, chegou a 7%", disse.
De acordo com Rodrigues, o preço é um dos principais atrativos dos produtos de marca própria que, na comparação com as marcas mais lembradas (top of mind), conseguem ser de 10% a 15% mais baratos. "Dependendo do tipo de produto, a diferença de preço pode chegar a 30%", frisou.
Número de itens de marca própria aumentou 31% entre 2007 e 2008, chegando a 45 mil produtos; Carrefour e Extra ampliam mix para reforçar vendas
Alternativas - O superintendente da Amis salientou que, em momentos de crise, o consumidor adota várias estratégias para esticar seu rendimento. "O momento é de cautela. Quem está empregado quer economizar e quem ainda tem emprego está com receio", afirmou. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em janeiro o saldo ficou negativo em 26,8 mil postos de trabalho no Estado.
Frente a esse cenário de incertezas, Rodrigues acredita que as marcas próprias serão uma boa opção para o consumidor reduzir gastos mantendo o consumo. A presidente da Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (Abmapro), Neide Montesano, também está otimista. Para ela, o mercado de marcas próprias no país deve apresentar expansão de 15% nas vendas sobre 2008. "Nos supermercados, a participação de marcas próprias no total comercializado pelo setor deve ficar um pouco acima dos 7%".
"Ainda não fechamos os dados de 2008, o que deve ser feito em março, mas acredito que o índice deve ficar na casa dos 20%. O percentual previsto para este ano é menor, mas é importante considerar que o crescimento se dará em cima de uma base de comparação forte", observou. Em 2007, o incremento foi de 26,3% ante o exercício anterior.
Neide Montesano ressaltou que a crise cria oportunidades para o setor, uma vez que altera os hábitos de consumo. "O preço mais em conta, já que é de 15% a 20% menor na comparação com as marcas tradicionais, é um dos atrativos, além da qualidade. Afinal, uma empresa não vai colocar o seu nome em um produto que deixe a desejar neste aspecto", analisou.
O último estudo feito pela Nielsen, no intervalo de agosto de 2007 a julho de 2008, revelou que o número de itens de marca própria aumentou 31% nas gôndolas, chegando a 45 mil produtos em 25% das 644 empresas participantes da pesquisa. Os produtos de marca própria estão presentes em 48,9% dos lares brasileiros, o que equivale a 18 milhões de domicílios.
Veículo: Diário do Comércio - MG