Crise é sinônimo de orçamento mais apertado para o consumidor e de oportunidade para os varejistas que apostam em produtos de marcas próprias, difundido no Brasil, principalmente, entre as grandes redes de supermercados.
É que o dinheiro curto leva muitos a deixarem a fidelidade de lado, principalmente se os preços forem convidativos - até 20%, em média, mais baratos em relação a marcas líderes. Neste cenário, a Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (Abmapro) espera um crescimento de 15% a 20% para este ano. E há grupos ainda mais otimistas, como o Pão de Açúcar, que prevê alta de 40% na venda de marcas próprias e exclusivas.
"Nos supermercados, a participação de marcas próprias deve ficar um pouco acima dos 7%, quando fecharmos o número de 2008. Mas há muito espaço para crescer. Basta dizer que na Suíça esse segmento representa 53% das vendas. O que os consumidores precisam entender é que esses produtos são mais baratos porque não há investimento da indústria em marketing e divulgação, não por ter qualidade inferior às marcas tradicionais", destaca a presidente da Abmapro, Neide Montesano.
O professor da ESPMRio e consultor de marketing e marcas, Marcelo Boschi, diz que os consumidores brasileiros costumam ser leais às marcas. E acrescenta que a experimentação costuma começar por produtos considerados commodities na alimentação, como arroz, feijão, alguns de itens limpeza, papel toalha e produtos periféricos. Outro componente importante no caso das marcas próprias é que os consumidores atribuem ao produto a confiabilidade e o respeito que eles têm pelos serviços prestados por aquele supermercado.
Segundo Fabio Cyrillo, diretor de Marcas Próprias do Wal-Mart Brasil, o segmento cresceu 35% em 2008, especialmente na área de eletrônicos, alimentos considerados commodities e têxtil. E a expectativa é de mais expansão este ano. "No Wal-Mart Brasil temos 12 mil itens diferentes. Em média, 4,5 mil produtos de marca própria em um hipermercado.
Ao fazer a pesquisa nas gôndolas, no entanto, o consumidor vai perceber que a relação de preço nem sempre é vantajosa. Há casos de valores equivalentes aos das marcas tradicionais e até superiores. Vale ainda observar os rótulos: muitas vezes os fabricantes são os mesmo das marcas líderes. (AG)
Veículo: Diário do Comércio - MG