O início da implantação da safra 2015/16 de grãos em Minas Gerais está atrasado em decorrência da baixa freqüência de precipitações. O plantio que deveria começar nos primeiros dias de outubro só ocorrerá em novembro, mês limite para o início da introdução e para que o processo de desenvolvimento da primeira safra não interfira no plantio da segunda.
A cultura do café também tem sido afetada pela falta de chuvas e o pegamento dos grãos, após as duas primeiras floradas, ficou aquém do esperado. Os produtores estão apreensivos com a atual safra, uma vez que os custos de produção estão maiores e o risco de perdas é grande.
De acordo com coordenador técnico estadual da Emater-MG, unidade Uberaba, no Triângulo Mineiro, Willy Gustavo de La Piedra Mesones, com a escassez hídrica registrada nas principais regiões produtoras do Estado, a implantação da safra esta atrasada.
Os produtores estão muito apreensivos em relação à safra 2015/16, além de custos mais altos, as condições climáticas até o momento estão desfavoráveis. Com a falta de chuvas ainda não foi possível iniciar o plantio das safras de milho e de soja. "A maior preocupação é com a soja precoce, que normalmente é semeada no princípio de outubro para ser colhida em fevereiro, o que permite a implantação da safrinha, que geralmente é de milho", avalia.
Ainda segundo Mesones, a previsão meteorológica é de chuvas abundantes em novembro, o que se confirmado permitirá a implantação da nova safra sem afetar a próxima. "Nossa expectativa é que as previsões de chuvas se concretizem, já que para novembro é esperado um volume significativo. Esperamos também que as precipitações sejam bem distribuídas, isso porque o solo está bem seco e a absorção necessária para que o produtor tenha condições de semear a safra leva mais tempo para acontecer", explica.
Desafio - Outro desafio para os produtores são os custos que podem ficar ainda mais elevados. "Em termos de plantio, temos até 15 de dezembro para concluir. Mas este atraso pode acarretar em aumento dos custos para os produtores, uma vez que o cultivo ficará concentrado em um pequeno período, o que vai alavancar a demanda pelo aluguel de máquinas e, conseqüentemente, os preços", avalia Mesones.
Na região de Uberaba, nem mesmo os produtores que possuem as culturas irrigadas conseguiram iniciar o plantio. "Quem tem pivô também está sem plantar porque não tem água e a prioridade dos municípios é manter o fornecimento para o consumo humano".
A cultura do café também sente os efeitos da falta de chuvas. De acordo com o coordenador técnico estadual de Cafeicultura da Emater-MG, Julian Silva Carvalho, o pegamento da primeira e da segunda floradas, que aconteceram após as chuvas de setembro, foi menor que o esperado.
"Foram registradas chuvas no final de setembro e início de outubro e isso criou expectativa muito positiva uma vez que as duas primeiras floradas foram fortes e bonitas, porém, como as chuvas não persistiram o pegamento foi muito aquém do esperado. Agora estamos esperando a terceira e a quarta florada, que dependem de novas chuvas", ressalta.
Se a estiagem se prolongar, os efeitos poderão ser ainda piores, já que a cafeicultura enfrentou dois períodos consecutivos de seca. Isso provocou menor oferta de grãos especiais. "Se ocorrer um novo período de seca, a nova safra ficará ainda mais prejudicada, já que nos dois últimos anos o desenvolvimento não foi favorável. A estiagem prejudicou a formação de frutos e o crescimento vegetativo, gerando grãos pequenos e leves", observa Carvalho.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG