Para evitar que 2016 seja tão ruim como 2015, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) propõe uma agenda positiva e incentiva os produtores a buscar a exportação.
Sufocado pela crise econômica, o setor têxtil revisou mais uma vez a previsão de queda tanto na produção quanto no faturamento para este ano. Se em janeiro a estimativa era de queda de 7%, agora a perspectiva é de perdas superiores a 10%.
De acordo com a Abit, o faturamento da indústria têxtil deve ficar em US$ 45,2 bilhões (o equivalente a R$ 174,4 bilhões pela cotação atual do dólar). No ano passado, as receitas foram calculadas em US$ 53,5 bilhões (cerca de R$ 126 bilhões).
Para evitar que 2016 seja tão ruim como 2015, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) propõe uma agenda positiva e incentiva os produtores a buscar a exportação.
O Brasil tem mais de 80 mil confecções trabalhando no limite de sua competitividade. "Precisamos aumentar a competitividade dessas empresas. Temos a certeza de que a crise vai passar e temos de estar preparados para isso", afirmou Rafael Cervone, presidente da Abit.
A aposta dele é trabalhar uma agenda positiva que aumente a produtividade do setor e que preserve empregos. A indústria têxtil calcula um saldo negativo de 100 mil postos de trabalho em 2015. Atualmente, as confecções e empresas de vestuário empregam 1,6 milhão de pessoas - 16,9% de toda a indústria nacional.
"Somos muito sensíveis à economia. Geralmente essas pessoas representam quase a metade da renda de suas famílias. Mas acredito no poder de recuperação", disse Cervone. Em 2014, o setor fechou 20 mil vagas. Antes da crise, em 2013, sete mil postos de trabalho foram criados.
Balança comercial
Apesar de o dólar valorizado frente ao real favorecer o faturamento, as importações devem impactar negativamente a balança comercial do setor. Entre janeiro e agosto houve um déficit de US$ 3,5 bilhões.
"Temos trabalhado em quase 800 ações para incentivar as exportações, ainda mais agora com o câmbio mais alto. Alguns segmentos têm registrado aumento de até 20% nos embarques. É bastante positivo"
Além das exportações, a associação busca parcerias para trazer ao Brasil modelos de manufatura 4.0 que, segundo Cervone, vão aumentar a produtividade nas confecções. Os testes devem começar em breve em Santa Catarina. "São alguns aparelhos que reduzem o tempo administrativo que as costureiras gastam com manuseio de peças. Se hoje ela demora oito segundos para colocar uma peça no lugar, o robô demora 1,2 segundo", explica.
Outra frente é a inovação dos materiais, como a possibilidade de inserir novos tipos de fibras naturais e algodão de maior resistência no mix.
A indústria também se prepara para a introdução da internet das coisas nos produtos têxteis. "Já existem exemplos de roupas de bebês com monitores cardíaco e de temperatura, que avisam os pais se algo está errado. Também tem roupa de bombeiro que monitora o nível de carbono que ele está respirando. São modelos já comuns em alguns países como a Alemanha, onde o material têxtil técnico responde por 40% de todo o faturamento", revelou o presidente da Abit.
Se depender de investimentos para colocar a agenda em prática, no entanto, o setor pode demorar a ver as inovações de perto. Em 2014, a soma dos investimentos chegou a US$ 1,1 bilhão. Este ano a estimativa é de que não passe de US$ 450 milhões, o que representa uma queda de quase 60%.
Veículo: Jornal DCI