Evolução da inflação, preço dos insumos e a disparada do dólar são os principais motivos para esse cenário.
Considerada a grande vilã dos estudantes, a volta às aulas, que acaba com a "mordomia" das férias, também será um pesadelo para os pais, que enfrentarão, em 2016, prateleiras com produtos até 30% mais caros que no ano passado.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), Rubens Passos, a inflação, o preço dos insumos e a disparada do dólar são os principais motivos para o aumento. Nesse cenário, donos de papelarias em Belo Horizonte tentam encontrar estratégias para atrair os clientes e manter as vendas.
De acordo com Peixoto, a expectativa da ABFIAE é que os produtos de fabricação nacional, como lápis e cadernos, cheguem ao consumidor no final deste ano 10% mais caros que em 2014. Segundo ele isso acontece por causa do aumento da inflação, que impacta nos serviços e mão de obra, mas também devido à elevação dos preços de matéria-prima. "O papel subiu mais que 12% e outros insumos como arame, tinta e plástico também tiveram altas superiores a 10%", diz.
Os produtos importados, como mochilas, lancheiras e estojos, ficarão ainda mais caros. A expectativa é de que eles cheguem às prateleiras com preços até 30% superiores que em 2014. De acordo com o presidente, esse é o maior aumento nos últimos 10 anos. "Isso acontece devido à super-desvalorização do real frente ao dólar, que aumentou mais de 50% nos últimos 12 meses. Parte desse impacto o consumidor já vai sentir no Àvolta às aulas", pois muitos produtos foram comprados no segundo semestre deste ano", diz.
Disparada - Para Peixoto, os aumentos não param por aí. Ele acredita que a tendência é de que os preços continuem subindo, já que a indústria foi fortemente impactada pelo aumento do dólar e demora, em média dois anos, para repassar isso ao varejista. "Com certeza os aumentos não serão menores em 2016 e o mercado vai continuar sofrendo essa pressão nos próximos 24 meses", diz.
Para o consumidor, a dica do presidente é não deixar a compra do material escolar para a última hora, já que os lojistas ainda têm no estoque produtos comprados antes da disparada do dólar. Para o empresário do setor de papelaria, Peixoto afirma que a principal estratégia teria que ter sido tomada no primeiro semestre deste ano, com a compra de um volume maior de produtos que, até então, estavam com preços menos impactados pelo dólar. Agora, restam as estratégias de venda, como promoções e propaganda.
O presidente lembra que a carga tributária que incide sobre os produtos de material escolar também é uma vilã desse mercado. De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), alguns artigos escolares são taxados em até 47%, como é o caso da caneta. Itens como apontador e borracha escolar têm alíquota de 43%, enquanto que caderno universitário e lápis têm taxas de 35%.
Peixoto explica que a ABFIAE tem feito pressão junto ao governo federal para a aprovação de um projeto de lei que dispõe sobre a isenção de impostos para materiais escolares. Mas o PL está "engavetado" e tramita há mais de cinco anos na Câmara dos Deputados. "No Brasil se diz que educação é prioridade, mas entre o discurso e a prática existe uma grande distância. Esse projeto está sendo evitado: antes da crise seguia a passos lentos e agora está parado", denuncia.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG