A dificuldade econômica somada a mudanças no mercado imobiliário começam a impulsionar um novo setor no Brasil, o de pequenos espaços para armazenamento. O chamado self storage já conta hoje com mais de 150 unidades espalhadas pelo País e o potencial é considerado muito forte.
"Só nos Estados Unidos, esse modelo de negócio já é bem consolidado e conta com cerca de 55 mil empreendimentos", explica o CEO do GuardeAqui, Allan Paiotti.
Segundo o executivo, o aumento do número dos imóveis tomados pela justiça, somado à necessidade do varejo (principalmente o pequeno) de rever custos de centros de distribuição, abrem um caminho promissor para as empresas que locam pequenos espaços de armazenagem.
Diante desse cenário, muitas empresas projetam ampliação de mais dois dígitos nos próximos anos, apoiando-se, justamente, nestes fatores.
Uma das maiores empresas deste ramo, a GuardeAqui mantém 12 operações e traça planos ousados para quase triplicar a operação, com investimento de R$ 1 bilhão no segmento nos próximos anos. "Temos um projeto de chegar em 50 unidades até 2020. A nossa ideia e manter as inaugurações entre seis e oito unidades por ano", diz Paiotti, lembrando que a 13ª unidade da rede já está sendo construída em São Paulo e a 14ª (já em negociação) será no Rio de Janeiro.
O CEO da GuardeAqui explicou ao DCI que o self storage funciona como qualquer negócio de locação. Assim, os locatários recebem uma senha para poder acessar o seu box na hora que quiser. "O espaço também conta com câmeras de vigilância e alarmes individuais", aponta.
Segundo o executivo, o modelo também oferece a vantagem de se adequar a demanda de cada cliente e pode ser ampliado ou devolvido ao final de cada mês. Em média, 50% dos espaços estão locados para o público corporativo. A localização, todas em regiões de fácil acesso, também ajuda a expandir o negócio.
Os preços dos boxes acompanham o crescimento da necessidade e expansão do mercado imobiliário. A média cobrada pela GuardeAqui é de R$ 80 por metro quadrado.
Outra grande concorrente é a GoodStorage, que mantém seis unidades em operação e a sétima em construção. A empresa pretende multiplicar por cinco sua operação, chegando ao final de 2017 com 30 unidades. "Nosso objetivo é abrir dez unidades por ano. Atualmente, temos cinco mil boxes disponíveis. Cada armazém tem, em média, 600 boxes por unidade", comentou o CEO da GoodStorage, Thiago Cordeiro. A empresa oferece espaços de locação de um metro quadrado até 100 metros, a um custo médio de R$ 65. Cordeiro afirma que as empresas veem no self storage uma opção barata e flexível para estocar.
Imóveis menores
Segundo o empresário, os atuais formatos de imóveis na cidade de São Paulo também impulsionam o mercado de boxes. "Nos últimos dois anos temos uma maior oferta de imóveis menores. Essa diminuição leva as pessoas a procura de espaços para armazenar seus bens", diz Cordeiro. A retomada de imóveis pela Justiça por falta de pagamento também tem ajudado a procura no setor, segundo as empresas.
A My Box registrou um crescimento no número de pedidos de orçamento, em torno de 1100% em três meses, de maio a agosto deste ano. Segundo o gerente comercial e de marketing, Bernardo Coelho Ferreira, mesmo que a conversão dos pedidos de orçamento não tenham se concretizado, a alta nos negocios efetivados foi de 18% para 21%. "Nós determinamos o preço por metro cúbico, assim, um boxe com 3,5 m² tem um custo médio de R$ 256", diz.
A empresa, que atua na região de Belo Horizonte (MG), conta hoje com uma unidade de 25 mil metros quadrados, sendo 9 mil metros de área para armazenagem. Os espaços da companhia são diversificados e a My Box possui 350 clientes.
Potencial
A Metrofit também apostou no setor e já investiu R$ 120 milhões para desenvolver as quatro primeiras unidades no estado de São Paulo. Duas já estão em operação. Esse ano a empresa deve investir mais de R$ 40 milhões para a aquisição de dois novos espaços e para 2016 estima um aporte de até R$ 140 milhões, para mais cinco unidades. Com 1.150 boxes, e uma média do preço de locação entre R$ 70 a R$ 75, a empresa teve um aumento de 35% na receita este ano. "Na crise, as empresas tendem a procurar alternativas para conter custos. E por isso, estamos com um bom desempenho no momento", diz o CEO da MetroFit, Hans Scholl.
Uma das pioneiras nesse ramo, a Minidocks iniciou a operação em 1996 e, segundo o sócio diretor, Luiz Otávio Correa, o crescimento do número de concorrentes fez com que a empresa revisse seu plano de expansão para os próximos anos. "O mercado está um pouco saturado. Não é um momento certo de expansão", disse o executivo. Segundo ele, a meta é ir além do Estado de São Paulo. A empresa, que oferece boxes de 30 tamanhos diferentes, tem uma taxa de ocupação entre 85% e 90%. "Este mês, estamos em 88%", diz. Para garantir o crescimento de 15% sobre 2014, o executivo conta que a estratégia é atender o segmento premium. "Temos concorrentes fazendo a locação pela metade do preço, mas eu ofereço itens a mais em segurança e conforto para o cliente".
Veículo: Jornal DCI