Inútil resistir. O verão ainda nem chegou e o doce sabor dos lucros corre de boca em boca, variando conforme a preferência do consumidor: picolé, casquinha ou copinho? Cremoso ou de fruta? Quem sabe, uma paleta mexicana? Com temperaturas que passam facilmente dos 40 graus, a tentação pelo sorvete fala mais alto, capaz de abalar qualquer dieta. Em meio à onda de calor, o consumo dos tradicionais gelados cresce até 50% e dá um refresco na crise. As redes de sorveterias sonham com o aquecimento global das vendas nesta época do ano.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (Abis), o mercado segue em forte ascensão desde a última década. O consumo de sorvetes no país subiu de 685 milhões de litros, em 2003, para 1,3 bilhão de litros no ano passado, um aumento de 90,5%. O consumo per capita também cresceu no período, de 3,83 para 6,43 litros/ano. Apesar da concorrência acirrada, o setor oferece boas oportunidades para empreendedores, sem deixar os negócios esfriarem.
Esse ritmo de expansão anima as franquias, que buscam tirar uma casquinha do mercado. O Sorvete Itália, por exemplo, chega aos 40 anos com planos ambiciosos. Prestes a inaugurar a 29ª franquia em novembro, a rede carioca pretende abrir outras dez unidades no ano que vem, ao mesmo tempo em que prepara sua entrada em São Paulo e no Espírito Santo. A empresa também investiu R$ 2,5 milhões na ampliação da fábrica em Vargem Grande, que permitirá aumentar a capacidade de produção de sorvetes de massa em 25% e de picolés em 80%.
No fim dos anos 1970, a marca já era conhecida dos cariocas por seus sabores inusitados e pelos copinhos coloridos vendidos na praia. Hoje, o consumidor pode se deliciar com mais de 50 sabores nas linhas Itália (frutas e cremosos tradicionais), Gold e SuperDiet. A empresa fechou o ano passado com faturamento de R$ 28 milhões e espera crescer 5% em 2015.
Para o empreendedor, existem duas opções de franquia. O quiosque (área de 12 a 16 metros quadrados) exige investimento inicial a partir de R$ 150 mil. O faturamento médio previsto é de R$ 55 mil por mês. Já a loja tradicional (área de 25 a 40 metros quadrados) demanda investimento de R$ 208 mil. O faturamento médio chega a R$ 75 mil. Em ambos os casos, o prazo de retorno do capital varia de 24 a 36 meses.
Empresas novatas também querem saborear os lucros deste mercado. É o caso da Ice Creamy, fundada em Catanduva (SP). A marca de sorvetes artesanais foi criada em 2014 por Émerson Serandin, um exvendedor de picolé de rua, hoje consultor de empresas. O grande diferencial é a mistura do sorvete preparada na hora, com o auxílio de espátulas. Os ingredientes são manuseados com a massa em grandes pedras de ferro congeladas. O atendente faz malabarismos diante do consumidor, que escolhe os complementos entre amêndoas, frutas vermelhas etc.
Atualmente a Ice Creamy tem 16 lojas em operação, outras 16 em fase de implantação e mais de 100 já comercializadas. Para atrair novos franqueados, a empresa lançou um concurso que oferece ao vencedor uma loja montada, no valor de R$ 150 mil. Para participar, é preciso acessar o site fabricadesorvetes.com.br e responder à seguinte pergunta: “O que você faria para administrar um negócio lucrativo e ser seu próprio chefe?”. As inscrições vão até 7 de novembro.
A marca deve fechar 2015 com faturamento superior a R$ 10 milhões e planeja inaugurar 500 lojas nos próximos dez anos. Para o franqueado, o investimento inicial é de R$ 100 mil, já incluída a taxa de franquia. O faturamento médio mensal chega a R$ 35 mil, com taxa de lucratividade de 25%. O retorno do capital varia de 18 a 24 meses.
As franquias também se derretem pelas paletas mexicanas. A Helado Monterrey, fundada em 2013 na Bahia, apostou alto nessa variedade de sorvete e já experimenta um crescimento vertiginoso. Hoje contabiliza 87 unidades em 15 estados, sendo 70 franqueadas. A rede pretende fechar o ano com 100 unidades em operação. A marca reúne 16 sabores produzidos com frutas selecionadas e sem a adição de conservantes ou corantes químicos, divididos nas categorias frutas, cremosos, recheados e especiais.
A Monterrey registrou faturamento de R$ 30 milhões em 2014 e espera fechar o ano com R$ 40 milhões. Para o franqueado, o investimento inicial varia de R$ 140 mil (quiosque) a R$ 250 mil (loja). A empresa cobra 15% de royalties sobre a compra de produtos e 5% de taxa de publicidade. O faturamento médio mensal é de R$ 70 mil, com prazo de retorno entre 18 e 36 meses.
Veículo: Jornal O Globo - RJ