Alimento foi o primeiro produto da Hemmer; hoje são mais de 300 itens à venda e faturamento que chega a R$ 200 milhões.
O chucrute, aquele repolho fermentado, não pode faltar na culinária alemã. Não por acaso, esse foi o primeiro produto da Hemmer. A empresa leva o sobrenome do fundador, Heinrich Hemmer, que começou a vender o alimento em Santa Catarina, em 1915, usando uma carroça. Hoje, o negócio é administrado pela quinta geração da família e tem mais de 300 itens no portfólio. “Eu fui criado dentro da empresa e aprendi a ajudar no que era preciso”, conta Ericsson Luef, presidente e tataraneto de Heinrich.
Desde jovem, o empresário passou por praticamente todos os departamentos da companhia: ajudou na limpeza, aprendeu sobre manutenção e também produção. “Para poder cobrar é preciso saber o que está acontecendo. Eu não fui colocado como presidente. Foi um processo natural que aconteceu por mérito”, diz.
Mas a lembrança de Ericsson do trabalho durante a infância e adolescência não é negativa. Pelo contrário. É algo de que ele se orgulha. “Minha família sempre viveu muito a empresa. Encaramos isso pelo amor e pelo legado deixado”, analisa o empresário, que tem mais quatro irmãos e um primo no comando do empreendimento, cuja sede fica em Blumenau.
Uma imagem sempre presente na memória do empresário é a da sua avó, neta do fundador, trabalhando na fábrica ao lado dos funcionários. “Tenho essa imagem nítida na cabeça, dela sentada dentro da produção, no chão de fábrica, fazendo o trabalho braçal até quando o corpo dela aguentou. Sou presidente e tenho a função de manter o legado e deixar a empresa para as próximas gerações melhor do que recebi”, destaca.
Os números mostram que o trabalho tem sido bem feito até aqui. A Hemmer tem crescido entre 20% e 25% nos últimos anos. Para 2015, diante de indicadores macroeconômicos desfavoráveis, a expectativa é expandir entre 10% e 15% e alcançar R$ 215 milhões de faturamento. Hoje as exportações são pouco representativas, mas a meta é ter um distribuidor em cada país da América Latina até dezembro.
Por enquanto, a Hemmer ainda segue procurando novos mercados nas regiões Norte e Nordeste, investe na ampliação da linha de produtos, na busca por parcerias e até na diversificação de áreas – recentemente, a marca comprou participação de 50% na Zehn Bier, cervejaria artesanal de Santa Catarina. Entre os produtos de destaque estão as conservas e mostardas, presentes em mais de 20 mil pontos de venda.
Há três anos, esse número era de 10 mil estabelecimentos. “Somos os maiores importadores de grãos de mostarda do País”, diz Ericsson, que traz do Canadá 800 toneladas por ano para produzir 15 variações do produto. A mostarda, inclusive, é um dos itens que não pode faltar na mesa do empresário.
Talvez pelas embalagens ou pela grafia do nome da companhia, o empresário revela que já escutou que muitos consumidores acreditam que a Hemmer é, na verdade, uma empresa europeia. “Ao lado dos nossos concorrentes nacionais, temos uma embalagem diferenciada, que reforça a raiz da empresa”, analisa Ericsson. Ele, porém, diz não se preocupar muito com essa pequena confusão. “O que é relevante é a qualidade dos nossos produtos”, completa o empreendedor.
Futuro. Com um pé firme na tarefa de manter a tradição e os valores da companhia catarinense, Ericsson vive um momento de expectativa e, como a maioria dos empresários do País, prefere não fazer grandes planos para 2016. “Enquanto não se resolver o problema político brasileiro, que está acontecendo, todas as projeções para o ano que vem seriam levianas. O Brasil precisa se organizar”, afirma.
O empresário não acredita que as coisas vão melhorar rapidamente, mas também não é daqueles que vê a “metade vazia do copo”. “Acho que temos que crescer na crise, procurar oportunidades. Sentar e lamentar não vai resolver o problema”, destaca o empresário.
Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo