O valor dos aluguéis cuja renovação faz aniversário em novembro, assim como para novas contratações, deve aumentar 10,09%. Isso porque o índice que costuma servir de referência às correções desses custos, o IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado), atingiu a maior variação desde abril de 2011, considerando o acumulado dos últimos 12 meses.
O indicador, apurado pelo Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), é calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência.
O Secovi-SP (Sindicato da Habitação) divulgou o novo fator de atualização, que será de 1,1009. Em uma simulação, para atualizar aluguel de R$ 1.500 que vigorou até outubro, é preciso multiplicar esse valor por 1,1009, o que resultará em R$ 1.651,35. Esse será o aluguel de novembro, a ser pago no fim desse mês ou início de dezembro.
O índice, que em setembro havia valorizado 0,95%, acelerou para 1,89% em outubro. No mesmo período do ano anterior, apontava incremento de 0,28%. Já a variação acumulada em 2015, até agora, é de 8,35%.
O IGP-M tem como componentes os custos no atacado, ao consumidor e da construção. O IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) apresentou a taxa de variação que mais colaborou para a alta do indicador, neste mês, fechando em 2,63%. No mês anterior, a taxa era de 0,47%.
Os destaques ficam com os aumentos notados no grupo dos alimentos processados, como o grão do milho, que passou de 4,61% para 12,92%, o minério de ferro, que estava em 0,84% e ficou em 4,53%, e a soja em grão, saindo de 5,84% para 7,11%.
O economista Leandro Prearo, gestor do Inpes/USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano), afirma que apesar da alta expressiva, esse incremento já era esperado. “O maior impacto se deve à taxa de câmbio (na casa dos R$ 4). Os preços de algumas commodities, como milho, laranja, soja e café, no mercado externo, influenciaram a inflação dos aluguéis, que utiliza o IPA como uma de suas referências.”
Para o gerente do departamento de economia e estatística do Secovi-SP, Edson Kitamura, se comparada ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que atingiu 9,49% em setembro, a variação acumulada nos últimos 12 meses do IGP-M está acompanhando a inflação oficial. “Isso acontece porque os itens do setor de alimentação foram os que mais puxaram o índice (em ambos os casos).”
Outros elementos que compõem a inflação dos aluguéis é o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), que registrou alta de 0,64% em outubro, ante 0,32% em setembro. A principal contribuição partiu do grupo transportes (0,2% para 1,43%). O INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) subiu 0,27% e ficou acima do resultado de setembro, de 0,22%.
A previsão para os próximos meses é de que o índice continue alto. “Só controlar a taxa Selic, sem fazer inserção eficaz no controle da taxa de câmbio, não vai resolver. Se continuar assim, a tendência é que a inflação siga aumentando”, analisa Prearo.
Veículo: Jornal Diário do Grande ABC