A falta de planejamento financeiro ainda é grande entre os consumidores da capital mineira. De acordo com pesquisa divulgada ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), realizada com 200 consumidores, a maioria da população, 54%, não realiza nenhum tipo de planejamento, seja pessoal ou familiar. A organização financeira é ainda mais importante no momento atual de retração da economia e aumento do desemprego.
Segundo o vice-presidente da entidade, Marco Antônio Gaspar, a falta de planejamento é um dos principais fatores da inadimplência. O índice é maior entre os consumidores de baixa renda (66,7%) do sexo feminino (57,1%) e com idade entre 45 a 64 anos (63,2%).
"O índice de 54% dos consumidores que não têm nenhum planejamento é muito alto. Essas pessoas são fortes candidatas a se endividarem e terem o nome inscrito no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). O planejamento prevê que uma parcela dos ganhos seja reservada, para se ter condições de quitar dívidas, gastos não previstos ou adquirir bens. Quem não tem está organização fica mais vulnerável, principalmente, no atual momento de retração da economia, alta dos juros, da inflação e do desemprego", explicou.
Dentre os entrevistados, 23% têm planejamento pessoal, 13% pessoal e familiar e 10% somente o planejamento familiar. Uma das conseqüências da falta de planejamento do orçamento é o maior comprometimento da renda. A pesquisa da CDL-BH mostrou que 11,1% dos consumidores da classe E e 3,6% da classe C e D comprometem mais de 100% da renda mensal familiar com parcelamentos ou financiamentos.
"O índice elevado reflete a total falta de planejamento financeiro desses consumidores e o aumento da inadimplência na Capital. O indicado é que o consumidor comprometa apenas 30% da sua renda com dívidas. Percentuais maiores podem provocar o endividamento em casos de emergência e falta de reserva financeiraõ, afirma.
Entre os entrevistados que adotam a recomendação da CDL-BH de comprometerem até 30% da renda, o índice é maior entre os homens, 66,6%, contra 55,5% das mulheres. Entretanto, 13,3% dos homens comprometem mais de 100% da sua renda familiar, índice que é inexistente entre as mulheres. Por faixa etária, está entre os jovens o maior percentual, 12,5%, de consumidores que deve mais do que recebe, entre os adultos de 25 a 44 anos este dado é de 4,2%.
Pagamento - A pesquisa da entidade também apurou as principais formas que os consumidores quitam as compras. A opção de pagamento em dinheiro é a mais adotada, alcançando índice de 63% entre os entrevistados. O pagamento no cartão de débito é utilizado por 17% dos consumidores, seguido pelo parcelamento no cartão de crédito (11,0%); à vista no cartão de crédito (5,0%) e parcelado no carnê ou crediário (2,0%).
A preferência pelas formas de pagamento à vista, seja dinheiro ou cartão de débito, é maior entre os consumidores das classes A e B, 88,9%, e do sexo masculino (81,8%).
A maioria dos consumidores, 30%, prefere parcelar ou financiar bens de maior valor agregado, como os automóveis e os eletrodomésticos. Também estão na lista os produtos eletrônicos, 20%, viagem (10%), móveis (5%) e supermercado (5%).
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG