Dólar alto pode tornar feiras e eventos no País mais atraentes

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Com a desvalorização do real frente o dólar, promotoras de evento brasileiras enxergam novas oportunidades na captação de feiras internacionais e aumento de participantes estrangeiros. A expectativa é que o ganho de competitividade no exterior vá além dos consagrados mercados de eventos de São Paulo e do Rio de Janeiro e aqueça todo o País.

Em 2015, o aumento dos custos na realização de eventos, somado ao corte de orçamento das empresas, trouxe como consequência a realização de eventos menores. Mesmo sem perdas nas receitas neste ano, promotoras afirmam perspectiva mais difícil para 2016. Segundo a presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc Brasil), Ana Claudia Bitencourt, a tendência é que as empresas de eventos foquem cada vez mais em outras alternativas. "A alta do dólar deixou o País muito mais barato [para realização de um evento]. Queremos aproveitar este fator para divulgar o destino lá fora".

Para ajudar na captação destes eventos e compradores a Abeoc, em parceria com o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), está fazendo ações de divulgação em outros países. "Um é o 'Projeto Comprador', para atrair novos clientes ao mercado nacional. E o outro é o de qualificação, que ensina as empresas a vender o seu destino", disse ela ao DCI

Outra ação que as entidades estão realizando é a divulgação dos destinos de eventos corporativos durante os Jogos Olímpicos de 2016 que serão realizados no Rio de Janeiro (RJ). "Trabalhamos com a Embratur para ter o máximo de material possível para divulgação, afinal, serão milhares de jornalistas no País", pontua.

A executiva ressalta ainda, que o País precisa, inclusive, retomar um mercado que já havia conquistado. "O Brasil já foi o sétimo no ranking de países que realizam eventos mundiais e em 2014 caiu para 10°. Precisamos recuperar este índice"

Para ela, mesmo com São Paulo e Rio de Janeiro como principais cidades de realização de feiras e eventos, outros estados deverão aproveitar o momento.

Quem sente mais a crise?

A perspectiva de avanço com feiras internacionais, no entanto, pode ser mais difícil para pequenas e médias organizadoras de eventos. A executiva da Abeoc acredita que uma saída para estas empresas pode ser fusões, formação de cooperativas e a renegociação de contrato como alternativa no cenário fraco.

Além das redes menores, outro mercado que pode sentir dificuldade com a alta do dólar e queda no poder de consumo é o de shows internacionais. "Trazer artistas de fora para o País se tornou muito mais caro. Alguns eventos estão optando por cancelar e pagar multa ou até não realizar agenda", diz a executiva lembrando o salto do dólar, que passou do patamar de R$ 2,14 para R$ 4,14 ao longo do ano.

Consumo em feiras

Como estratégia para garantir às expositoras um retorno mais rápido nas feiras de negócio, a executiva ressalta uma nova tendência: a feira com foco nas vendas. "Um exemplo é o evento de cervejas artesanais onde além de fazer negócios, os empresários tiveram um retorno mais imediato. Às vezes a venda na feira chega a trazer três vezes o valor do que foi gasto para montar o estande", argumenta.

As lojas físicas e pequenas varejistas também estão aproveitando o formato de feiras e eventos para crescer. Um exemplo são os bazares de roupas e calçados como o Bazar Espaço Diferenciado, feito em São Paulo. "Temos o nosso fundo social, mas as expositoras aproveitam para controlar as contas e aumentar as vendas", disse a idealizadora do bazar, Heloísa Sassi.

Além do público que procura se recuperar, Heloísa ressalta que os lojistas que fecharam e precisam liquidar seus produtos também são clientes.

Para o diretor da promotora Arx Eventos e diretor regional da Abeoc para o Nordeste, Rafael Bezerra, a criatividade é o melhor aliado das promotoras sobreviverem cenário. Segundo ele, uma das dificuldades que as organizadoras estão tendo é o acesso a patrocínio. "Muitas empresas diminuíram a cota de patrocínio", aponta.

Desempenho e perspectiva

A expectativa para 2016 é que seja um período mais difícil. "Muitas patrocinadoras e expositoras não confirmaram ainda a participação para os próximos eventos. Normalmente em outubro já temos uma base e este ano está demorando mais. Muitos dos congressos já estavam fechados nesta época de final do ano", explica o executivo.

Segundo ele, a Arx não teve impacto na receita, mas afirma que é de se esperar um mercado mais difícil no próximo ano. "Acreditamos que o número de eventos pode cair assim como a lucratividade. É possível que em 2016 o desempenho seja similar a 2015, mas em 2017 com certeza superaremos anos bons como 2013", acredita ele.

No caso do Nordeste, o executivo ressalta que o maior desafio é o custo das passagens aéreas. "Prestadores de serviço, hotelaria e o custo para evento é mais barato, o que pode atrair eventos de outras cidades. Mas em contrapartida temos o preço dos bilhetes e a baixa oferta. Em muitos locais a malha aérea não chega ou tem poucas frequências, o que encarece o custo para os participantes", diz.

"É importante retomar o aquecimento desta indústria, pois o setor tem impacto direto na economia local e ajuda na distribuição de renda. Uma feira ou congresso em um ano deixa resultado", finaliza.

 



Veículo: Jornal DCI


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