As redes de eletroeletrônicos estão tendo de se adaptar à nova realidade econômica. Um dos segmentos mais afetados pela retração, já que dependem de crédito para alavancar as vendas, elas tomaram medidas para reduzir custos operacionais e, ao invés de recuar, estão investindo em tecnologia e inovação.
O mais recente caso é o do Magazine Luiza que lançou um aplicativo para o consumidor adquirir produtos por meio de dispositivos móveis. "Hoje o País tem mais de 5 milhões de pessoas conectadas a internet [pelo celular], sendo que 80% dos que usam os dispositivos móveis, em média, tem dois apps instalados", diz o COO da varejista, Frederico Trajano.
Atualmente, as vendas virtuais representam 20% do faturamento da marca e, através da integração do app à loja virtual da rede, a varejista foca na conversão digital. "O Brasil ainda tem grande potencial de consumo, mesmo com esse cenário atual", diz.
Investimentos
Frederico ressaltou ainda que mesmo após o Magazine Luiza reportar desaceleração nas vendas no primeiro semestre, existe a necessidade de investimentos para enfrentar o momento. "Estamos no mercado há 58 anos e minha mãe [Luiza Helena, presidente da rede] já passou por crises muito piores", enfatizou. Além do aplicativo, que na opinião de Trajano é um caminho sem volta e pode representar no futuro o principal canal de venda on-line, a varejista ensaia estreia no segmento de markeplace. "Com ele vamos oferecer aos consumidores maior variedade de produtos. Hoje são 45 mil itens, isso pode chegar a 500 mil ou até 1 milhão no futuro", explica Trajano.
A medida ajudará a empresa a economizar com estoques - já que eles são extremamente caros - e a dar mais opções aos mais de 43 milhões de clientes que compram no Magazine.
Por estar em período de silêncio, devido a divulgação dos resultados do terceiro trimestre no começo de novembro, Trajano não informou quanto foi investido, disse apenas que isso ajudará a empresa a ampliar o sistema de compre on-line e retire na loja, que está em fase piloto. "Acredito que, em dois anos, todas as lojas do Magazine Luiza estarão integradas ao app. Mas antes, temos que desenvolver soluções mais efetivas de controle de estoque", concluiu ele.
Turbulência
Na concorrente Via Varejo - holding que administra Casas Bahia e Pontofrio - a situação está mais complexa. A empresa projeta ganhos de eficiência em médio prazo, o que seria o começo de uma recuperação após ter prejuízo de R$ 46 milhões no terceiro trimestre.
Na comparação com igual período de 2014 a rede comemorava lucro líquido de R$ 216 milhões. No começo do mês o presidente Líbano Barroso foi desligado da empresa e na última quarta-feira (28), foi a vez do vice-presidente Jorge Herzog. Assume a empresa como presidente Peter Estermann e em call com os analistas ontem (29), ele afirmou que os ganhos em eficiência serão rápidos. "Esperamos que os resultados dos próximos trimestres já possam capturar ganhos de eficiência implementados e que estamos implementando na empresa".
O lucro líquido ajustado, excluindo outras despesas e receitas operacionais da Via Varejo, foi de R$ 33 milhões. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 45 milhões, o que presenta queda de 91,3% na comparação anual.
A rede reportou ainda o fechamento de 31 unidades deficitárias e no ano, a empresa demitiu 11 mil funcionários.
Veículo: Jornal DCI