Mas vários insumos essenciais para a produção tiveram os custos alavancados devido à alta do dólar.
A produção mineira de batata-inglesa, na safra das águas, deve crescer 10% em relação a igual período do ano passado. Apesar do atraso registrado no início do plantio, devido às chuvas tardias, as expectativas são positivas já que os preços ainda estão remuneradores. Mas existe receio em torno do clima, a maior preocupação se deve ao retorno financeiro da produção, que está bem limitado, e caso ocorram perdas na produtividade o lucro com a cultura será comprometido.
De acordo com o presidente da Associação dos Bataticultores do Sul do Estado de Minas (Abasmig), José Daniel Rodrigues Ribeiro, os produtores estão enfrentando diversos gargalos, porém, os preços remunerativos pagos pelo produto incentivaram o aumento do plantio. Vários insumos essenciais para a produção tiveram os preços alavancados com a desvalorização do real e isso compromete a capacidade de investimento dos produtores, que já enfrentam os efeitos da crise econômica.
“Na safra de inverno tivemos problemas com a estiagem, o que limitou a irrigação em muitas lavouras, o que provocou quebra de safra. Por isso, nossa cautela em relação ao clima nos próximos meses é grande. Com a margem de lucro limitada, nossa preocupação é que essa margem pode ser ainda mais reduzida, caso tenhamos perdas na produção”, avalia.
Na safra de inverno, que é irrigada, a produtividade esperada era de 35 a 40 toneladas por hectare, mas com a falta de chuvas o rendimento foi afetado, caindo para 30 toneladas por hectare. Com a queda, e as batatas de tamanhos menores, a oferta do produto ficou limitada e os preços estão em patamares remuneradores, o que estimulou o plantio da safra de verão.
A saca de 50 quilos é negociada entre R$ 90 e R$ 110, valor que garante lucro. A produtividade estimada para o atual período, que não utiliza irrigação, é de 30 toneladas por hectare.
No Sul do Estado, a área de cultivo na safra atual foi estimada em 10 mil hectares, com expectativa de colheita de 300 mil toneladas de batata, espaço e volume 10% superiores aos registrados no mesmo período produtivo anterior.
Ainda segundo o representante da Abasmig, os custos de produção da safra atual ficaram, pelo menos, 20% maiores, chegando a R$ 60 por saca de 50 quilos. Com o maior gasto, a produção poderá ser afetada já que os produtores enfrentam dificuldades em adquirir os insumos necessários.
Crédito – Outro grande entrave para o setor é a falta e a dificuldade de acesso ao financiamento. “O crédito rural não chega aos bataticultores, além dos recursos serem escassos, existe dificuldade de acessar. No Sul do Estado, os produtores plantam com recursos próprios ou em acordo feitos junto a fornecedores de insumos”, explica Ribeiro.
O acesso limitado ao crédito, a crise econômica e o aumento dos custos também tem impedido que novos investimentos sejam feitos na atividade. Segundo Ribeiro, a maior parte dos produtores suspendeu a aquisição de máquinas, equipamentos e reformas.
Outro impacto foi a paralisação do projeto de indústria de processamento de batata. A agroindústria é vista como alternativa para agregar valor a produção e aumentar a lucratividade da bataticultura. “O galpão já foi construído e o maquinário comprado, mas não sabemos quando as intervenções serão retomadas”, explica Ribeiro.
O Sul de Minas Gerais é a segundo maior região produtora de batatas. De acordo com os dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a região responde por 39,6% do volume estadual, estimado em 1,2 milhão de toneladas. Em primeiro lugar está o Alto Paranaíba, com produção equivalente a 51,33%. A área destinada ao cultivo em Minas é de 38,6 mil hectares.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG