Amantes da cultura pop possuem recursos para gastar, o que permite o surgimento de novos negócios para o nicho; todo o potencial poderá ser visto durante a segunda edição de Comic Com.
Solteiro, com renda familiar e acesso à tecnologia acima da média, ensino superior completo e vivendo nos grandes centros: a estabilidade dos chamados "geekies" - observada mesmo em um momento de crise - incentiva empresas nacionais a apostarem alto no mercado da cultura pop e na profissionalização do setor.
Provar que a cultura geek não é brincadeira é um dos objetivos da segunda edição da Comic Con Experience, ou CCXP, que começa dia 3 de dezembro. Além das tradicionais ações promocionais de grandes players do mercado do entretenimento - como Warner, Sony e Fox -, o evento receberá a primeira edição do CCXP Business Summit.
"O objetivo é articular e fomentar negócios cruzados entre as principais lideranças da indústria do entretenimento", explica o sócio da Lunica Consultoria - responsável pela curadoria do painel - Marcos Avó.
Entre os temas em pauta estão a utilização do conteúdo pop para a promoção de marcas, o combate à pirataria e o incentivo à produção de conteúdos nacionais. Representantes de empresas como Disney, Netflix e Globo - que também marcarão presença na CCXP através de estandes próprios - participaram da sequência de debates.
Cultura pop
Cinema, séries para TV, games, histórias em quadrinhos e objetos colecionáveis: todas elas são verticais do fenômeno conhecido como cultura pop. Com a popularização do acesso à internet e das redes sociais, os aficionados se multiplicaram - tal as oportunidades de negócios.
"Foram muitas as tentativas de montar a Comic Con no Brasil", conta o CEO da CCXP, Ivan Costa. Realizado no exterior desde os anos 60, a primeira edição nacional ocorreu ano passado, reunindo 97 mil pessoas e 70 expositores. Os organizadores estimam que R$ 10 milhões em produtos foram comercializados durante os quatro dias.
Em 2015 os números devem ser superados: 120 mil pessoas são esperadas e os ingressos para dois dos quatro dias já estão esgotados. O número de expositores subiu para 150 e o evento passou a fazer parte do calendário oficial da São Paulo Turismo (SPTuris), que realiza a gestão turística da capital paulistana. Segundo a organização, cerca de 60% do público virá de fora de São Paulo.
Costa credita o sucesso da empreitada à experiência do holding de empresas que estão promovendo a CCXP no lidar com o público geek: além da agenciadora de quadrinistas Chiaroscuro Studios, da qual Costa é sócio e da importadora de colecionáveis Pizzi Toys, o Omelete Group também está no negócio.
CEO do Omelete, Pierre Mantovani, conta que a iniciativa de expandir aquilo que começara como um portal de cultura de pop (que hoje recebe 6,7 milhões de acessos mensais) já está em curso há três anos. Investindo sempre no nicho geek, o conglomerado reúne o site Omelete, a loja especializada Mundo Geek, a participação na CCXP e uma agência de turismo específica para o atendimento dos fãs de fora que acompanharão o evento. "Estamos dobrando de tamanho", afirma Mantovani.
Recentemente, a empresa aportou R$ 2 milhões na startup de streaming de quadrinhos Social Comics. "Será uma plataforma com assinatura mensal. Já temos 1.200 conteúdos diferentes e queremos incentivar a produção independente", declara Mantovani - que mira o mercado latino-americano, "quatro anos atrás do brasileiro" em relação ao consumo geek. Produzir conteúdo exclusivo para web também está no radar.
A estratégia é a mesma empreendida pelo Netflix, que está cada vez mais focada na produção de conteúdo próprio e uma das principais atrações da CCXP. Integrantes do elenco de duas séries e um filme próprios do canal de streamings estarão no evento.
"É uma mudança comportamental que já está consolidada", avalia Mantovani: de acordo com o último levantamento do Omelete, a popularidade das plataformas do gênero já deixou para trás a da televisão a cabo entre os amantes da cultura pop.
Veículo: Jornal DCI