Reajuste do diesel piorou mais a situação das empresas, que não conseguem repassar o aumento.
Se o desempenho do setor de transportes em 2015 já não era bom, em função da fraca atividade industrial, causada pelo cenário econômico adverso, o recente aumento do diesel nos postos de combustíveis de todo o País prejudicou ainda mais a atividade das transportadoras mineiras, que devem encerrar este ano com queda de até 30% no faturamento em relação ao exercício passado. O problema é que as empresas não estão conseguindo repassar o aumento dos custos para o preço do frete, o que está reduzindo ainda mais as margens de lucro e inviabilizando algumas operações.
As informações são do presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Vander Francisco Costa, que explica que o peso do combustível nos custos de uma transportadora hoje pode chegar a 60%. A influência maior ocorre no transporte de cargas completas e a menor (cerca de 15%) no segmento de cargas fracionadas.
“Os preços aumentaram de tal maneira que estão inviabilizando as atividades, porque também estamos lidando com uma demanda quase nula. Os pedidos já são poucos e a indústria ainda pede desconto, o que está causando prejuízo. E com prejuízo, não vale a pena trabalhar”, justifica.
Mais do que isso, segundo o presidente, caso as transportadoras se vejam ‘obrigadas’ a não somente deixar de repassar o aumento, mas ainda dar descontos, as perdas vão chegar aos carreteiros autônomos e contratados, podendo provocar uma nova greve do setor já no início de 2016, além de manter em baixa os negócios.
“Este foi um ano perdido e, ao que tudo indica, 2016 não vai ser diferente. Deverá ser, inclusive, ainda pior, pois neste exercício as empresas ainda tinham reserva de capital e puderam dar continuidade a parte dos investimentos. Em 2016 nem isso será possível”, prevê.
Em relação às empresas do setor, o presidente da Fetcemg diz que no decorrer deste exercício a maioria manteve investimentos residuais, priorizando a segurança e a manutenção da atividade econômica, mas cortando aportes secundários e demitindo funcionários.
O dirigente da entidade destaca que o volume de cargas transportadas neste ano até o momento está entre 15% e 20% abaixo do registrado no mesmo intervalo de 2014, que já não tinha sido um exercício proveitoso, como ele mesmo afirma. O único setor que está ajudando as transportadoras do Estado é o agronegócio.
De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), as empresas de transporte acumularam, em 12 meses, redução de 6,15% na receita líquida. O resultado, segundo a CNT, é consequência da crise econômica. O baixo desempenho da economia brasileira e a alta da inflação, aliados à elevação da carga tributária e da taxa de juros, afetaram negativamente o desempenho do setor.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG