Fazer compras no atacado pode ser uma boa saída para economizar até 50% com as compras no final do mês. Juntar-se a outras famílias, levar lista e ir sem pressa são fatores determinantes para se evitar gastos supérfluos, de acordo com especialistas ouvidos pelo DCI.
Conforme a especialista em varejo da Nielsen, Lenita Mattar, o setor conhecido como cash&carry, o chamado "atacarejo", vem ganhando bastante espaço no cenário brasileiro durante a crise.
"Quando a gente fala em compradores do canal, ele já atinge 36% dos domicílios brasileiros, com um crescimento de 20% no número de lojas nos últimos dois anos. O brasileiro está em um momento mais forte de compras de abastecimento e aposta em um canal com maior proposta de economia, para conseguir preservar ao máximo seu poder de compra", conta a especialista.
Clóvis Ferratoni, coordenador do curso de tecnologia em gestão comercial do Centro Universitário Senac, ressalta, no entanto, que é preciso se preparar melhor para esse tipo de compra, de forma a reservar um tempo maior para a tarefa.
"Tem que imaginar que não é uma loja de varejo tradicional e estar preparado para um ambiente diferente e mais dinâmico. As marcas e modelos podem ser diferentes das convencionais, por exemplo, e é preciso analisar a possibilidade de comprar um item similar ou de uma marca desconhecida. Além disso, o brasileiro está se acostumando a comprar menor número de itens com uma frequência maior, o que fatalmente torna tudo mais caro no final do mês. É preciso reservar um tempo maior para conseguir fazer uma compra inteligente", avalia.
Uma pesquisa feita pela Nielsen aponta que o "atacarejo" teve um crescimento de 9,7% em 2014 quando comparado a 2013. Além disso, houve um aumento da demanda, com mais de 1,4 milhão de famílias que passaram a fazer compra nesse canal.
De acordo com Mattar, nesse cenário de desenvolvimento do setor, também é perceptível a evolução da participação da classe C, que cresceu 3 pontos percentuais desde 2014 (43%).
"A gente fez um estudo e a economia passou a ser a maior preocupação de todo mundo. Cerca de 86% dos consumidores disseram que mudaram seus hábitos de gastos pra tentar economizar. A classe C, por exemplo, passou a focar mais os gastos em categorias básicas e a diminuir o gasto em quase em 60% das categorias supérfluas. Nesse contexto, o cash&carry ganha mais força, já que é voltado para o abastecimento e está mais ligado às categorias básicas", analisa.
Ela ainda ressalta que o Brasil é um "país jovem" no cenário de consumo e, com os atuais dados da economia, a demanda e o foco em abastecimento tem dado margem de crescimento e desenvolvimento para o setor como um todo.
"O canal está se consolidando e a tendência do setor é continuar a se desenvolver no País", afirma a especialista.
Planejamento
De acordo com os especialistas ouvidos pelo DCI, no entanto, mesmo com todos os benefícios do "atacarejo", ainda é preciso ter cuidado e planejamento na hora das compras.
"Precisa ficar de olho pra ter certeza de que aquele produto está realmente mais barato, sendo válido até levar uma calculadora para comparar preços a partir do valor unitário. Além disso, é preciso fazer um planejamento muito cuidadoso. Sempre levar uma lista, olhar todas as prateleiras, não ir com fome nem levar crianças e ir sem pressa também são dicas válidas na hora de economizar nas compras", diz Marcela Kawauti, economista-chefe do Serviço de Proteção de Crédito (SPC Brasil).
Ferratoni, por sua vez, ressalta a amizade com o gerente e a organização de um grupo para ajudar nas compras.
"Em um prédio com 80 apartamentos, por exemplo, dá pra fazer um clube de compras. Se 75% usa o mesmo sabão, por que não comprar em lote? Fazer amizade com o gerente também é uma opção para conseguir dicas das melhores ofertas. É preciso se organizar e deixar de lado essa ideia de querer ter independência e autonomia", ressalta.
"Sempre você consegue usar todo mundo junto pra ter mais um poder de barganha. Dá pra manter esse hábito para o resto do ano, porque vale muito à pena", conclui Kawauti.
Veículo: Jornal DCI