Próximo ano será de desafios.
A combinação de alta da inflação, do desemprego e dos juros, aliada à cada vez menor confiança dos consumidores e dos investidores no País em 2015, deverá se estender para 2016. Para agravar ainda mais o quadro, a instabilidade política promete adiar quaisquer decisões e medidas que promovam a retomada do ritmo econômico necessário ao desenvolvimento sustentável do Brasil. Por isso, cautela e planejamento serão palavras de ordem para quem quiser empreender bem no desafiador cenário econômico previsto para o ano que vem.
A avaliação é de especialistas, que alertam sobre a necessidade de os empresários adotarem práticas que levem ao aumento da produtividade, incluindo revisões de custos, reavaliação de mercados, capacitação de mão de obra e retomada da confiança e do otimismo. Para todos, a crise instalada no País é mais política do que econômica. E a grande preocupação diz respeito ao seu fim.
Disciplina - O professor dos MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV) Murilo Alambert explica que o momento atual requer, acima de tudo, disciplina. Para isso, o empresário precisa reduzir o nível de despesas e reavaliar seus processos produtivos, de maneira que suas operações estejam preparadas para a retomada da economia, independentemente de quando ela aconteça.
“A empresa precisa estar apta a receber o aumento da demanda que virá com o término da crise. Economias possuem momentos de alta e de baixa. E para que ela (empresa) possa aproveitar a recuperação, sua capacidade produtiva tem que estar pronta para absorver a retomada rapidamente”, justifica.
Embora Alambert não tenha certeza de quando essa retomada acontecerá, ele sugere que os empresários se preparem para 2017, já que o próximo exercício promete ser semelhante ao atual. “Se o problema do Brasil fosse puramente econômico, eu diria que em 2016 seria possível começar a recuperação. Porém, as incertezas políticas afastam ainda mais qualquer pensamento de retomada”, afirma.
Por outro lado, o professor acredita que quando a recuperação acontecer, as pessoas e os negócios estarão melhores e mais educados, do ponto de vista financeiro. “Isso poderá acelerar ainda mais o crescimento do País. E, mais uma vez, as empresas precisam preparar suas operações para o aumento da demanda”, ensina.
Já o professor de Economia Brasileira do Centro Universitário UNA, Luiz César Fernandes, cita o planejamento como a principal medida que precisa ser adotada no momento atual. Isso porque, segundo ele, qualquer que seja o segmento de atuação, o negócio deverá enfrentar problemas consideráveis pela frente.
Cautela - Alguns desses problemas são estruturais e já integram o cotidiano do empresário brasileiro. Outros, como inflação e taxas de juros, se tornaram parte do negócio nos últimos meses. “Por isso, cautela é o melhor indicador nesse momento. Mas cautela não significa ficar de braços cruzados”, pondera. “O empresário não precisa suspender os investimentos, apenas redirecioná-los. Não focar no empreendimento, mas em áreas com maior retorno financeiro”, completa.
Fernandes também ressalta que a instabilidade política está piorando a situação, uma vez que a economia está parada. Tanto que ele prefere não arriscar previsões para 2016. Mesmo assim, ele acredita que, pelo menos no primeiro trimestre do próximo ano, o cenário deve se manter. “Esse ano não foi muito bom e o próximo vai ser pior”, avisa.
O coordenador de Ciências Econômicas do Centro Universitário Newton Paiva, Leonardo Bastos, por sua vez, orienta que os empresários façam ajuste de custos de forma responsável, sem comprometer a operação do negócio, principalmente no que diz respeito ao atendimento ao cliente. Além disso, Bastos indica que as empresas busquem novos mercados e novos segmentos de atuação. “São formas de se conseguir um ganho de receita diante da retração que a maioria dos setores enfrenta e de manter a empresa de pé no curto prazo, pensando também nos períodos mais distantes”, afirma.
Bastos ressalta que 2016 não vai ser fácil, mas não deverá ser pior do que 2015. Já a recuperação, segundo ele, ficará para 2017. “O empresário tem que estar preparado para os momentos bons e ruins da economia, que é cíclica. A tendência é que em 2017 o cenário comece a melhorar e que em 2018 tenhamos um novo crescimento”, aposta.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG