Klabin perde R$ 953 milhões e fecha fábrica em Minas Gerais

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A Klabin, maior fabricante brasileira de papel para embalagens, anunciou uma retração em seu resultado nos últimos 12 meses de R$ 953 milhões. Saiu de lucro de R$ 604 milhões em 2007 para prejuízo de R$ 349 milhões ao final de 2008. A maior parte desse resultado, R$ 256 milhões já havia sido registrado no terceiro trimestre e mesmo com a melhoria nos últimos três meses do ano, quando a empresa registrou receita líquida de R$ 806 milhões, ou 21% a mais que em 2007, não foi suficiente para evitar as perdas em decorrência da variação cambial do real frente o dólar. Com essas perdas, a empresa decidiu se manter cautelosa quanto as incertezas do mercado para 2009 ao postergar investimentos e fechar a unidade de papéis reciclados de Ponte Nova (MG) que resultou na demissão de 118 empregados. Novas demissões não foram descartadas.

 

A queda na demanda por caixas para embalagens, a aposta na melhor competitividade do papel kraftliner e a incerteza do mercado foram as justificativas apresentadas pelo diretor-geral da Klabin, Reinoldo Poernbacher, para o encerramento das operações da unidade mineira, anunciada ontem. Com o fechamento da fábrica, a companhia corta 16% de sua produção anual que é de 300 mil toneladas/ano. No total, os investimentos da empresa serão reduzidos em 50% passando de R$ 587 milhões em 2008 para uma estimativa de cerca de R$ 290 milhões em 2009, com a postergação de investimentos, como a redução da área plantada e a não expansão de capacidade de produção.

 

Poernbacher não quis detalhar as áreas que serão afetadas pelo atraso dos aportes, mas confirmou que essa redução dos investimentos, afetam as expansões para a produção de kraftliner nas unidades de Correia Pinto e de Otacílio Costa, ambas em Santa Catarina e que somariam outras 140 mil toneladas na capacidade total de produção da empresa, que no ano passado teve um acréscimo de 350 mil toneladas com o projeto de expansão MA-1100, em setembro.

 

"Vamos focar os investimentos naquelas operações que tem o payback em menos de um ano", disse o Poernbacher. "Estão incluídos nessa estratégia os aportes que visam melhoria operacional, maior produtividade, desenvolvimentos de processos e pesquisa e desenvolvimento", completou ele.

 

O setor de papéis reciclados na empresa já vinha passando por ajustes desde o final do ano passado com a concessão de férias coletivas de um mês nas unidades Guapimirim (RJ), Angatuba (SP) e Piracicaba (SP). Apesar de garantir que o fechamento da unidade será temporária, Poernbacher disse que não há prazo para a retomada da produção. "Não podemos falar em data, afinal, falamos da pior crise mundial em 80 anos. Temos a possibilidade de voltar [a operação em Ponte Nova] quando o mercado se recuperar", ponderou o executivo.

 

Redução de custos

 

Além do fechamento da unidade, o diretor geral da Klabin disse que a empresa irá focar seus esforços para garantir a liquidez da empresa com a proteção de seu caixa, que fechou 2008 com R$ 1,7 bilhão. Esse valor é menor do que o registrado ao final do terceiro trimestre do ano passado (R$ 2,1 bilhões). Segundo o diretor financeiro e de Relações com Investidores, Sergio Alfano, essa queda foi o resultado de investimentos no valor de R$ 160 milhões, pagamento de dividendos de R$ 117 milhões e ainda, outros R$ 67 milhões para a recompra de ações.

 

Alfano disse que a expectativa da empresa é de manter o patamar atual de caixa para o ano de 2009, que equivale a dois anos e meio de amortização do endividamento da Klabin, que aumentou R$ 4,9 bilhões para R$ 5,4 bilhões em decorrência da desvalorização do real ante o dólar. A empresa apontou ainda a redução de custos fixos e variáveis como forma de atingir o objetivo frente a incerteza da demanda no mercado. Dentre essas reduções, Poernbacher destacou a queda com os preços de energia, principalmente a de origem térmica a óleo combustível e a gás natural em decorrência da redução do valor do petróleo, além disso, houve queda nos preços de diversos produtos químicos e outros materiais. Mesmo assim, a Klabin prevê a renegociação de contratos de fornecimentos de produtos e serviços. "Queremos aproveitar todas as oportunidades de reduções para adequar nossos custos", resumiu o executivo.

 

A Klabin, maior fabricante brasileira de papel para embalagens, anunciou prejuízo de R$ 349 milhões em 2008 e decidiu fechar a unidade de papéis reciclados de Ponte Nova (MG).

 

Veículo: DCI


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