Recém-inaugurada, planta de Montes Claros deverá estimular produção em Minas.
A inauguração da primeira fábrica de cápsulas Nescafé Dolce Gusto fora da Europa, na última semana, em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, traz boas perspectivas para a produção mineira de café. A agregação de valor ao produto e a demanda maior por cafés de alta qualidade estimularão os investimentos, por parte dos cafeicultores, na melhoria das práticas produtivas, na qualidade do manejo e na diversificação das cultivares utilizadas. A instalação da unidade também foi avaliada como uma oportunidade interessante para a divulgação do café brasileiro no mercado internacional.
De acordo com o superintendente de Operações e Comercial Mercado Interno da Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), localizada no Sul de Minas, Lúcio de Araújo Dias, a produção de cafés no País é bem diversificada e a tendência é que os cafeicultores invistam cada vez mais em novas variedades para atender a demanda da nova indústria.
Além de ser mais uma opção para os produtores negociarem o café, Dias ressalta que a pretensão da empresa é buscar se abastecer como o café brasileiro e somente o que não for encontrado será buscado no mercado mundial.
“É interessante ressaltar que o café brasileiro é altamente competitivo e buscamos fornecer aquilo que os clientes querem, por isso, é momento de desenvolver cafés conforme a demanda da Dolce Gusto. A instalação da fábrica é uma ação extremamente importante, que vai beneficiar o produtor. O cafeicultor precisa se especializar e buscar novas variedades e lugares onde se produz café com mais acidez, aprimorar o sistema de manejo ou fazer o café cereja descascado, fazer o café diferente para atender a Nestlé”.
Dias também acredita que a instalação da unidade e a fabricação das cápsulas no País poderá estimular o aumento do consumo interno do produto. Em 2014, a demanda pela bebida em cápsula cresceu 47%.
“A fábrica terá um papel importante de disseminar, ainda mais, a facilidade do consumo de cafés em monodoses no Brasil e na América Latina. Hoje nós temos vários padrões de café para oferecer para a Nestlé produzir as cápsulas e com certeza, em nível de logística e de custos, o preço ficará mais acessível e mais pessoas poderão apreciar o café em monodoses”.
Para o superintendente da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocaccer), Sérgio Dornelas, além de agregar valor à produção nacional, o café brasileiro ganhará mais visibilidade no mercado internacional.
“A instalação da fábrica de cápsulas da Nestlé em Minas Gerais é grande conquista e vai promover a internacionalização dos cafés de qualidade do País. Ao promover a origem Brasil, haverá agregação de valor ao café, o que é fundamental para a melhoria da renda dos produtores”, explicou Dornelas.
Oportunidade - A indicação do superintendente é que os cafeicultores aproveitem o momento e a oportunidade de fornecer cafés para a Nestlé para investir em melhorias.
“A indústria demandará café de alta qualidade, por isso, é necessário que os cafeicultores invistam na melhoria dos processos de beneficiamentos e na ampliação das variedades das cultivares. Desta forma, estarão aptos para oferecerem café de qualidade para a indústria e, consequentemente, conseguir agregar valor ao produto”.
A planta da Nestlé terá capacidade para produzir 24 toneladas de café por dia e 17 toneladas diárias de bebidas lácteas. A produção de cápsulas está estimada em 360 milhões ao ano.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG