Fábrica inaugurada ontem em Montes Claros, no Norte de Minas, usa matéria-prima 100% nacional.
Após investimentos de R$ 220 milhões, a Nestlé inaugurou ontem, em Montes Claros (Norte de Minas), a primeira fábrica de cápsulas Nescafé Dolce Gusto fora da Europa. Em princípio, serão produzidas quatro variedades de bebidas, utilizando cafés 100% nacionais e outras matérias-primas locais, como leite, cacau e açúcar. A unidade começa operando com capacidade total e, conforme o avanço do mercado, novos investimentos poderão ser feitos.
De acordo com o CEO da Nestlé Brasil, Juan Carlos Marroquín, o início da operação em Montes Claros representa uma importante evolução para o mercado brasileiro de cafés. O município, que também abriga uma unidade de leite condensado da multinacional, foi escolhido devido à localização estratégica, à infraestrutura adequada, à mão de obra disponível e à proximidade com as regiões produtoras de matérias-primas. O terreno possui 133,70 mil metros quadrados, sendo 9,75 mil metros quadrados de área construída.
“Em conjunto com o projeto da nova fábrica, ampliamos os investimentos em pesquisa e desenvolvimento na área de cafés, o que contribuiu para um melhor conhecimento técnico da produção local. Com isso, esperamos contribuir para o aprimoramento de toda a cadeia produtiva, gerando valor para os envolvidos no negócio e também para o consumidor”, explicou Marroquín.
O mercado de cápsulas é considerado promissor no País. Porém, ainda é pouco explorado. O consumo total de monodoses no Brasil cresceu 47% em 2014, mas o produto só representa 6% do mercado total de café, que atinge 98% dos lares brasileiros.
“O mercado de cápsulas cresce em níveis superiores aos dos demais tipos de café, como os solúveis, em grão e moído. Porém, a representatividade ainda é pequena. O espaço para crescer é grande e nossas expectativas são positivas, uma vez que as cápsulas têm fórmulas únicas, sabores diferenciados e são práticas para os consumidores”, explicou Marroquín.
A indústria possui duas linhas de produção, onde, inicialmente, serão fabricadas quatro variedades de cápsulas: os cafés Buongiorno, Espresso, Espresso Intenso e o Café Au Lait. Para 2016 está prevista a expansão para outras bebidas da linha. A produção anual será de 360 milhões de cápsulas. E o objetivo é comercializar 50% do volume no Brasil e exportar o restante para países do Mercosul, principalmente para a Argentina, Paraguai e Uruguai. A indústria gerou 91 empregos diretos e cerca de 1.000 indiretos.
Os grãos utilizados pela Nestlé passam por processos de identificação de fornecedores, que resultam na aquisição de qualidades específicas de cafés arábica e conilon. Por meio do trabalho de pesquisa e desenvolvimento, a companhia buscará outros cafés com perfis sensoriais compatíveis com o blend dos demais cafés que compõem a linha Dolce Gusto. “No Brasil, as variedades de café são muitas e vêm até superando nossas expectativas”, disse Marroquín.
A importação de cafés in natura de outras regiões para a composição de blends é considerada importante pelos representantes da empresa. No entanto, a Nestlé aguarda a decisão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) sobre o pedido de compra de café da Etiópia.
“Estamos aguardando o posicionamento do Mapa sobre a importação de café da Etiópia. A importação é necessária, por ser um café diferente dos disponíveis no mercado brasileiro. A autorização é importante para que possamos ampliar a produção de blends destinados ao consumo interno e externo. Vamos respeitar as normas, os princípios e a lei brasileira. Assim como atuamos em todo o mundo, nos preocupamos com a produção nacional, uma vez que somos os maiores compradores do café brasileiro”, explicou Marroquín.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG