Com a queda da renda e do emprego, o consumidor está em busca das promoções e dos preços mais baixos. E neste cenário de crise, os custos tem peso maior que os benefícios na avaliação do supermercado, revela o novo Estudo Varejo Alimentar da CVA Solutions, que ouviu 7.245 consumidores de todo o Brasil em novembro, quando foram citados os 66 principais varejistas do país.
O consumidor passou a comparar mais os preços e o Atacadão, líder em Força da Marca, é o que apresenta o melhor preço em relação à concorrência da região onde o consumidor reside (nota Index de Preços). O Dia% é o segundo melhor avaliado, seguido do Savegnago, Makro, Mundial e Assai. Mesmo o Pão de Açúcar, rede normalmente associada à boa qualidade de produtos, mas de preços mais elevados, teve boa evolução em preços, passando de uma nota de 5,37 em 2014 para 6,55 em 2015. O Atacadão subiu de 8,22 para 8,50 este ano, e o Dia% de 8,11 para 8,38.
Na relação custo-benefício, o custo tem peso maior (65%) em relação ao benefício (35%). Como custo considera-se a atratividade das promoções, preços dos produtos e facilidade de pagamento (parcelamento). São benefícios: fama e reputação da loja, qualidade do atendimento, qualidade dos produtos, variedade e disponibilidade de produtos, tempo na fila, ambiente, proximidade, horário de atendimento e facilidade de estacionamento.
"O consumidor está mais do que nunca preocupado com os custos e os varejistas estão procurando ser mais competitivos, mesmo aqueles que sempre se diferenciaram pela qualidade, como é o caso do Pão de Açúcar", afirma Sandro Cimatti, sócio-diretor da CVA Solutions – empresa de pesquisa de mercado e consultoria.
Por outro lado, os atacadistas campeões de preços baixos estão vigilantes para não perder rentabilidade. "Neste contexto de crise econômica, o careiro ficará menos caro e o barateiro ficará menos barato. O desafio é oferecer preços mais acessíveis sem ter rentabilidade negativa, mesmo porque o nome do jogo hoje é ter cliente na loja, mas com rentabilidade aceitável", completa Sandro Cimatti.
O cenário de crise está levando ainda o setor a buscar uma maior fidelização de seus clientes através de programas de recompensas. Pão de Açúcar e Extra lideram a operação de programas de recompensas. "Esta é outra tendência do momento atual, já que é menos custoso fidelizar do que buscar novos clientes", avalia o sócio-diretor da CVA Solutions.
Em Valor Percebido (relação custo-benefício percebida pelo cliente), os supermercados regionais continuam em destaque, sendo que os melhores avaliados foram Bergamini, Nordestão e Zaffari.
Os regionais também aparecem na frente quando o estudo pergunta sobre qual estabelecimento recomendariam a um amigo ou parente. Em primeiro aparece Savegnago (65,4%), em segundo Bergamini (62,0%) e, em terceiro, Zaffari (61,8%). O Atacadão (59,2%) foi o quarto estabelecimento mais recomendado.
Foram citados no estudo 66 nomes de hipermercados, supermercados e atacadistas: Angeloni, Assaí, Atacadão, Atakarejo, Bahamas, Bergamini, Big, Bompreço, Bourbon, Bretas, Carrefour, Carvalho, Center Box, Cesta do Povo, Comper, Condor, Coop, DB, Dia% , Epa, Extra, G. Barbosa, Giassi, Guanabara, Lider, Lopes, Makro, Maxxi, Mercadinho São Luiz, Mundial, Nacional, Nordestão, Pão de Açúcar, Prezunic, Sam"s, Savegnago, Sonda, St. Marche, Supermercados BH, Super Muffato, Todo Dia, Walmart, Zaffari e Zona Sul.
Em seu quinto ano de realização, o estudo da CVA tem por objetivo entender a estrutura de Valor Percebido (custo-benefício percebido) no mercado, a partir do ponto de vista do consumidor. Além de medir a posição competitiva das principais empresas e diagnosticar possibilidades de criação de vantagem competitiva sustentável.
Nota muito boa entre 43 setores da economia
O setor de Varejo Alimentar aparece na 16ª posição entre os 43 setores da economia pesquisados pela CVA Solutions. Sua nota está estável, sendo agora 8,11 em uma escala de 1 a 10. O Valor Percebido para os setores pesquisados se baseia na nota de custo-benefício percebido e tem como melhor segmento o de Microondas (nota 8,87) e como pior Operadora de Telefonia Celular (nota 5,95).
Valor Percebido
O melhor Valor Percebido (custo-benefício percebido pelos clientes) foi atribuído à marca regional Bergamini , com índice de 1,07, seguido por Nordestão (1,05), Zaffari (1,05), Savegnago (1,03), Bourbon (1,03). As marcas nacionais Assai, Walmart e Atacadão aparecem respectivamente na 6ª, 7ª e 8ª posições, com notas 1,02.
"Assim como no ano passado, o varejo regional vem se destacando na relação custo-benefício. São esses varejistas que possuem a clientela mais fiel e trabalham para isso, oferecendo preços mais acessíveis, bom atendimento, bons produtos e proximidade geográfica", diz Sandro Cimatti.
Força da Marca
A maior Força da Marca (a atração menos rejeição perante clientes e não clientes) é pela segunda vez do Atacadão, com 10,6% contra 8,8% obtidos em 2014. O Carrefour conquistou a segunda posição com 6,7% contra 5,5% no ano passado, desbancando o Extra, que caiu agora para a terceira colocação, com 6,4%, sendo que em 2014 chegou a 7,3%. Na quarta posição está o Bompreço (3,1%), seguido pelo Walmart (2,9%) e Assaí (2,5%).
"Podemos perceber uma maior agressividade do Grupo Carrefour em ações de exposição das suas marcas Atacadão e Carrefour. E isso vem se refletindo nos resultados verificados pelo estudo este ano", comenta o sócio-diretor da CVA Solutions.
Veículo: Site Revista Exame