Pesquisa feita pela Craisa (Companhia de Abastecimento Integrado de Santo André) divulgada nesta semana mostra que o preço da cesta de produtos tradicionalmente consumidos pelas famílias nas festas de Natal e Ano-Novo teve elevação média de 9,18% no Grande ABC entre 2014 e 2015. A variação é pouco inferior à inflação esperada para o acumulado de 12 meses até dezembro, de 10,61%. Ou seja, em números reais – considerando o impacto da pressão inflacionária –, os valores cobrados ficaram praticamente estáveis em relação ao ano passado, com queda de 0,01%.
O levantamento, que foi feito em supermercados de seis cidades da região (não inclui Rio Grande da Serra), considera a cesta composta por nove itens: dois espumantes (de marcas diferentes) e um panetone Bauducco de 500 gramas, além de um quilo de chester, tender, pernil, peru, bacalhau e uvas-passas. O preço médio do kit na região chegou a R$ 162,41 neste ano. Na comparação com 2011, houve variação nominal de 34,4%. Entretanto, considerando a inflação do período, os custos se mantiveram estáveis, com elevação de 0,01%.
Quatro produtos aumentaram mais do que a inflação nos últimos 12 meses: os espumantes Chuva de Prata (31,19%) e Cereser (37,54%); uvas-passas (20,4%) e bacalhau (17,44%). Outros três alimentos registraram queda nominal nos preços: tender (-6,35%), pernil (-4,61%) e peru (-0,08%).
Coordenador da pesquisa, o engenheiro agrônomo Fábio Vezzá De Benedetto afirma que o encarecimento do bacalhau está atrelado à alta do dólar. Entre dezembro do ano passado e ontem, a moeda norte-americana subiu 43,7%. Isso porque o pescado consumido no Brasil é importado.
Em relação aos espumantes, Benedetto avalia que a elevação é provocada pelo aumento da demanda, sem que haja outras justificativas claras, principalmente fatores externos. “A tendência é que, passados alguns dias do Réveillon, os preços sejam reduzidos”, comenta.
Na opinião do engenheiro, chama atenção o fato de o panetone ter aumentado 7,32% – abaixo, portanto, da inflação. “Durante o ano, o preço do trigo subiu bastante em razão da questão cambial. Era de se esperar que ficasse mais caro do que isso.” Uma das explicações para que os valores cobrados fossem segurados é o surgimento de mais fabricantes na disputa por esse nicho.
A maior divisão na participação de mercado, comenta Benedetto, também justifica a redução dos preços das carnes, como tender, pernil e peru. “Há alguns anos, havia poucas marcas que dominavam as vendas desses produtos. Agora, com mais concorrentes, a tendência é que os fabricantes cobrem mais barato, na tentativa de aumentar a competitividade.”
Ao fazer as compras para as ceias, o consumidor deve ficar atento às diferenças nos valores cobrados em cada supermercado. A pesquisa da Craisa mostra que o quilo do tender parte de R$ 17,98 e chega a até R$ 36,99 – 105,7% a mais. Entretanto, Benedetto explica que o levantamento considera o menor preço entre as marcas mais conhecidas, e que no momento da coleta de dados os estabelecimentos visitados poderiam não dispor exatamente dos mesmos produtos. As marcas dos alimentos que foram utilizadas para comparação, nesse caso específico, não foram informadas.
Veículo: Jornal Diário do Grande ABC