Fabricante de chocolates acredita que demanda continuará enfraquecida no próximo ano e já adota estratégias com foco no avanço sobre concorrentes como alternativa para manter vendas.
A Hershey vê um mercado fraco no próximo ano. O quadro econômico, que tem reduzido o consumo interno, deve pressionar o segmento de chocolates em 2016, a exemplo do que ocorreu em 2015. A empresa estima ter crescido menos de 10% no último ano.
"Do ponto de vista do cenário macroeconômico, esperamos um próximo ano muito difícil, talvez até mais desafiador que 2015, porque o cenário, de fato, não está muito bom", comentou o diretor-geral da Hershey do Brasil, Marcel Sacco.
Ele observou que, depois de anos seguidos registrando expansão, a categoria de chocolates não cresceu em 2015 no Brasil e o mesmo deve acontecer no ano que vem.
"Estamos crescendo em volume e valor porque ganhamos participação de mercado e a estratégia é continuar avançando sobre a concorrência em 2016, já que o mercado não está crescendo como um todo", afirmou.
O ganho de participação na categoria neste ano, entretanto, não foi suficiente para que a Hershey cumprisse as metas para o Brasil. "Ficamos abaixo do que queríamos neste ano, mas ainda crescemos um dígito alto - pouco abaixo de 10% de alta em volume e valor", revelou ele.
O executivo contou que espera lançar uma marca no País no próximo ano e projeta ganhos maiores com a mudança na estrutura de negócios no Brasil. Em 2015, a Hershey encerrou uma parceria com a Bauducco e vem investindo em uma nova equipe para atuar no mercado nacional de chocolates.
"Estamos com um novo time de profissionais na empresa e um projeto de crescimento desafiador, mas a meta para o ano que vem é continuar ganhando participação e, até 2020, queremos triplicar de tamanho no País", disse ele.
O executivo avaliou que, considerando o cenário econômico do Brasil atualmente, as metas da Hershey são ambiciosas, mas ele acredita que a entrada em novos segmentos vai acelerar o ganho de market share nos próximos anos.
"O Brasil é o quarto maior mercado de chocolate do mundo e todas as marcas globais estão aqui. Então sentimos sim os concorrentes muito mais agressivos, atuando fortemente com políticas de preço neste ano. Mas nós não pensamos em reduzir preços, nossa estratégia é inovar."
Segundo o analista da consultoria Euromonitor International, Jack Skelly, a Hershey tem dado mais atenção ao Brasil como um dos principais mercados para sua estratégia. "A Hershey anunciou recentemente que tem como objetivo ser a terceira maior marca no País - não é tarefa fácil, dada a força da Lacta de Mondelez e Garoto pela Nestlé", destacou.
Skelly lembrou ainda que, no Brasil, a Hershey e a Ferrero, fabricante do creme Nutella, não disputam tantas categorias como em outros países, mas o cenário pode mudar com a Hershey apostando em produtos de maior valor.
"Em abril deste ano, entramos no segmento de spreads [cremes], que tem caminhado muito bem no País. Já tínhamos o IO-IÔ Crem, mas agora ampliamos a oferta com a marca Hershey", disse Marcel Sacco. Na categoria de cremes, a Hershey vai brigar com a Nutella, consolidada no mercado.
De acordo com Euromonitor, as vendas de chocolate deve crescer 21,7% até 2020 passando dos atuais R$ 383,8 milhões para R$ 467,3 milhões.
"O desafio agora é melhorar a exposição dos produtos nas gôndolas. Queremos ter toda a nossa linha de produtos no varejo para garantir uma execução melhor das vendas", disse o executivo da Hershey.
Veículo: Jornal DCI