Calendário prevê menos folgas prolongadas do que em 2015.
Apesar de muito comemorados pelos trabalhadores, os feriados são sinônimos de prejuízos para os comerciantes. Somente na capital mineira, estima-se que as 15 folgas previstas para 2016 levem a perdas da ordem de R$ 1 bilhão para o setor, segundo projeções da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH).
Em 2015, os comerciantes deixaram de faturar um pouco mais. A perda foi de R$ 1,06 bilhão, 5,6% a mais do que a prevista para este ano. Apesar de pequena, a diferença é vista com bons olhos pelos empresários do ramo, principalmente em decorrência do mau momento econômico. “A notícia acaba sendo positiva porque qualquer valor a mais no caixa já é motivo de comemoração”, afirma o vice-presidente da CDL-BH, Marco Antônio Gaspar.
A diferença entre os dois anos tem ligação com o perfil dos feriados. Enquanto em 2015 houve quatro feriados na segunda-feira e três na terça-feira, em 2016 serão apenas dois na segunda-feira e dois na terça. Isso significa um menor número de feriados com possibilidade de prolongamento do período de folga. Em compensação, neste ano serão quatro feriados na quarta-feira. No exercício passado, havia sido apenas um. “Quando o feriado cai na quarta, as pessoas tendem a não viajar. E acabam gastando mais em Belo Horizonte”, afirma o dirigente.
Gaspar explica que o fato de Belo Horizonte não ter vocação para o turismo, a não ser o de negócios, atrapalha o comércio local. Isso é um dos motivos para o esvaziamento da cidade durante os feriados, aumentando o prejuízo dos empresários. Levando em conta que as pessoas que optam por viajar em um feriado acabam economizando ao longo do mês, o impacto sobre as contas do comércio na prática acaba sendo maior do que a estimativa de R$ 1 bilhão para este ano.
Custo - Apesar da necessidade de manter o negócio aberto durante os feriados, a crise econômica tem tornado cada vez mais difícil esse tipo de aposta. Por meio de acordos coletivos, os comerciantes conseguem manter as portas abertas durante vários feriados mas, para isso, se comprometem a pagar mais caro pela hora trabalhada. Porém, segundo o presidente da CDL-BH, Bruno Falci, como as vendas estão em baixa, a estratégia tem trazido mais redução no caixa do que ganhos. “Hoje nós estamos lutando para regular o custo da empresa com a necessidade de aumento das vendas. O custo de manter as portas abertas nem sempre é coberto pelas vendas”, alerta. Ou seja, perde o lojista que vende menos e o funcionário que ganha menos comissão no fim das contas.
Mesmo assim, Falci defende a livre iniciativa de mercado. Para ele, o ideal é que os lojistas tivessem mais liberdade para manter as portas abertas durante os feriados. Até porque, em algumas datas, as lojas da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) ficam abertas, enquanto as da Capital estão fechadas. Isso significa perda de venda para os concorrentes de cidades vizinhas, pondera o presidente da CDL-BH.
O fato é que, independentemente de como serão os feriados, 2016 deverá ser marcado por perdas para o comércio da capital mineira. Segundo Gaspar, o ano será caracterizado por custos altos, mercadorias mais caras e volume de vendas menor. “O faturamento até pode ficar maior por causa do aumento das mercadorias. Mas os volumes vendidos e as margens serão bem menores. Quanto a isso não tenho a menor dúvida”, avalia.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG