O consumo de café no Brasil registrou leve crescimento de 0,86% nos 12 meses compreendidos entre novembro de 2014 e outubro de 2015, totalizando 20,508 milhões de sacas de 60 kg. O consumo per capita em 2015 foi 4,90 kg/habitante/ano de café torrado e moído (6,12 kg de café verde em grão), o equivalente a 81 litros/habitante/ano. O levantamento é da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), com base em dados da área de Pesquisa da entidade.
De acordo com a Abic, as vendas do setor em 2015 podem ter alcançado R$ 7,4 bilhões. Em contrapartida, a diferença dos índices de variação entre matéria-prima e o produto final evidencia que a indústria chegou ao fim de 2015 com seus custos muito pressionados. "Reajustes nos combustíveis, energia elétrica, gás, câmbio e mão de obra continuarão a pressionar os custos da indústria neste início de 2016", informa em comunicado o diretor executivo da Abic, Nathan Herszkowicz.
A Abic avalia que o cenário para agronegócio café mostra que, em virtude do efeito da seca e das altas temperaturas no Espírito Santo, que resultaram numa previsão de quebra da segunda safra seguida, as cotações mundiais e internas do grão se elevaram acentuadamente. O dólar valorizado está tornando o grão brasileiro ainda mais competitivo e ampliando as exportações, inclusive do conilon (robusta). Sendo matéria-prima importante para a indústria de café, os altos preços do conilon aumentaram o custo do blend, pressionado os preços do café industrializado para os consumidores.
O café arábica tipo 6 aumentou em media 2,7%, para R$ 503,00 a saca em dezembro passado, enquanto o café conilon variou 26,8%, para R$ 361,00 a saca, no ano. Enquanto isto, segundo pesquisas na cidade de São Paulo, de janeiro a dezembro de 2015, os preços dos cafés Tradicionais, nas prateleiras do varejo, subiram 16,1%, para R$ 16,17/kg, enquanto os cafés Gourmet aumentaram 0,3%, alcançando R$ 48,66/kg em média.
A Abic observa que o consumo de café em monodoses, seja na forma de cafés expressos, seja em sachês ou em cápsulas, está crescendo acentuadamente. Segundo a pesquisa da Euromonitor, as vendas em valor das cápsulas em 2015 alcançaram R$ 1,4 bilhão, com estimativa de que atinjam R$ 2,96 bilhões em 2019. O consumo de cápsulas continuará concentrado em casa e o alto preço fora de casa é a principal razão para a queda do consumo neste segmento. "As pessoas têm procurado diferentes variações como os cafés gourmet, existindo uma consistente evolução para atender aqueles mais atentos à diferenciação de regiões, sabores, certificações, entre outros", avalia Nathan.
2016
Para 2016, a Abic estima que o consumo de café volte a crescer moderadamente, por causa do atual cenário político-econômico, alcançando 21 milhões de sacas no ano. "A diversidade de produtos oferecidos, com maior qualidade, muitos deles certificados pelo Programa de Qualidade do Café (PQC) da Abic, e sustentáveis, têm mantido o interesse dos consumidores", avalia o presidente em exercício da entidade, Ricardo de Sousa Silveira.
O ritmo de crescimento do consumo interno leva a Abic a reforçar a sua tese de que é preciso estimular a demanda de café investindo muito mais em marketing, publicidade, diferenciação e inovação de produtos. A associação está debruçada na elaboração de iniciativas que destaquem os atributos do café e os seus benefícios para a saúde, energia e bem-estar, que serão os princípios a explorar, neste período pré-Olimpíadas e posteriores, de modo a criar uma relação estreita entre a vida saudável, com a energia e o prazer que o consumo de café propicia. "Os resultados dessas ações serão positivos para todos os setores", prevê Ricardo Silveira.
Veículo: Jornal Estado de Minas - MG