A demanda por ovos de Páscoa pequenos deve crescer neste ano, segundo executivos das principais fabricantes de chocolate do País. Os produtos, entretanto, estarão entre 4,5% e 10% mais caros, devido ao avanço dos custos do setor.
Diante da desaceleração do consumo interno e do aumento dos preços, a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) estima que a produção de ovos deve repetir os números registrados no ano passado. Foram fabricadas 19,7 mil toneladas de chocolate para a data em 2015, volume semelhante ao de 2014.
"O mercado não está crescendo porque o poder aquisitivo da população está menor e temos um índice crescente de desemprego no Brasil. Com a alta nos preços dos produtos, as empresas estão apostando em ovos menores como alternativa para tentar ao menos manter o mesmo volume de vendas que do ano anterior", afirmou o vice-presidente de chocolate da Abicab, Ubiracy Fonseca.
Segundo ele, na Páscoa de 2015 o produto mais comercializado pesava, em média, 400 gramas, este ano a aposta é a versão de 250 gramas.
A Arcor é uma das empresas que aposta em embalagens menores. "Não oferecemos ovos muito grandes, porque 90% das nossas vendas são da linha infantil, na qual o brinquedo que vem com o ovo é o principal apelo junto ao consumidor", explicou o gerente nacional de marketing da empresa, Nicolas Seijas.
A expectativa da fabricante é produzir 7 milhões de unidade de ovos este ano, mesmo volume registrado em 2015. Seijas destacou que os preços estarão quase 10% maiores em relação ao ano anterior.
O grupo CRM também precisou reajustar preços neste ano, devido ao aumento dos custos. Os produtos da marca Kopenhagen estão 7,5% mais caros e os chocolates da Brasil Cacau tiveram alta de 8,5%. Juntas, as duas linhas devem vender 700 toneladas, quantidade idêntica a de 2015.
"Seguramos parte do repasse, porque estamos mais conservadores. Vamos oferecer produtos a partir de R$ 13 para o consumidor que quer uma lembrança em formatos menores até itens mais elaborados", disse a vice-presidente do grupo CRM, Renata Vichi.
O preço do cacau, principal queixa da indústria em 2015, segue como um componente de peso nos custos, comentaram os executivos ouvidos pelo DCI. Por ser negociada em dólar, a commodity sofre impacto da valorização da moeda norte-americana.
Segundo Fonseca da Abicab, para escapar da pressão dos custos, o setor tem negociando mais com fornecedores e substituindo importações. "Mas as medidas não foram suficientes para evitar a alta nos preços".
Variedade
A Cacau Show projeta ampliar as vendas nesta Páscoa. O volume comercializado no período deve atingir 7,9 mil toneladas contra 7,7 mil toneladas um ano antes. "No atual cenário, é preciso ter produtos que atendam diversos tipos de consumidor e de perfil de compra", avaliou a diretora de marketing de produtos da fabricante, Ana Sassano.
A executiva ressaltou que, apesar da alta de 6% nos preços no ano, a Cacau Show oferece produtos a partir de R$ 8.
A paulista Village, especializada na produção de alimentos sazonais, também espera alta nas vendas este ano.
"Elevamos o preços dos produtos em 4,5%, mas o varejo não deu sinais de redução nas compras. Com isso, projetamos alta de 8% no volume vendido em 2016", disse o executivo de marketing e vendas da empresa, Reinaldo Bertagnon.
A Lacta, marca da norte-americana Mondelez, também vai oferecer ovos na faixa dos 200 gramas por menos de R$ 30 no varejo este ano. "Entendemos que a demanda dos brasileiros é pelo menor desembolso possível para comprar o maior número de ovos possível", disse a gerente de marketing de Páscoa da Lacta, Fernanda Pincherle, ontem durante o Salão de Páscoa 2016, organizado pela Abicab.
A executiva revelou que os preços da linha regular da Lacta não tiveram reajuste para a Páscoa de 2016. A companhia, entretanto, não divulgou o reajuste para licenciados e a expectativa de produção.
A Nestlé optou por embalagens mais econômicas para garantir preços mais competitivos "Fizemos uma reengenharia de embalagens e de produção, para reduzir custos", contou o gerente de marketing da Nestlé, André Laporta.
Ele afirmou que a produção de ovos da marca este ano ficou em linha com 2015. A companhia ainda não divulgou os percentuais de reajuste dos preços de seus produtos nas marcas Nestlé e Garoto.
Para a gerente de marketing da Garoto, Keila Broedel, o tamanho não será o principal fator para decisão nas compras dos ovos desta Páscoa. "Mas estamos focados em produzir apenas os tamanhos que o consumidor deseja, para diferentes situações", reconhece.
Veículo: Jornal DCI