O forte avanço no fluxo de exportações de milho e os prejuízos climáticos sobre a safra de grãos podem levar o País a precisar da commodity vinda de grandes concorrentes, como Argentina e Estados Unidos, para honrar os contratos com o mercado.
Especialistas da consultoria Agroconsult revisaram para baixo a previsão para a colheita total do cereal em 2015/2016. Estima-se que a safra chegue a 85,6 milhões de toneladas, ante as 88,5 milhões projetadas anteriormente. Se confirmado, o volume será recorde, mas apenas 1% superior à quantidade colhido em 2014/2015.
"As exportações de milho já estão acima de 34 milhões de toneladas. Com isso, demos uma boa enxugada nos estoques. Se consideradas as vendas já fechadas e a demanda interna, ficaremos muito dependentes de uma safrinha muito boa. Nós, da Agroconsult, não descartamos a importação de milho para cumprir os contratos", explica o diretor da consultoria, André Pessôa, durante lançamento do Rally da Safra 2016.
Para a segunda safra, a chamada 'safrinha', a expectativa é de 57,7 milhões de toneladas, um aumento de 6% sobre a temporada passada (de 54,6 milhões de toneladas). A área plantada deverá registrar crescimento de 9%, chegando a 10,5 milhões de hectares. Pêssoa destaca que caso a colheita da commodity fique abaixo das 55 milhões de toneladas, "vamos ter problemas".
A safrinha pode sofrer as consequências do atraso no plantio de soja da safra de verão, ocasionado pela estiagem que afetou, principalmente, o Centro-Oeste e parte do Matopiba - Maranhão, Tocantins, Piauí e oeste da Bahia.
Abastecimento interno
Em vista do cenário que está se formando para o milho, o ministro interino da Agricultura, André Nassar, garantiu ontem (19) ao presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, e dirigentes de associações estaduais de criadores de frango que não há risco no abastecimento interno do grão para a produção de carnes. De acordo com a pasta agrícola, o estoque de passagem do produto até 31 deste mês, de cerca de 10 milhões toneladas, é suficiente para mais de dois meses de consumo.
Os produtores de aves têm se manifestado pois, além do temor sobre a oferta, os preços de do milho no mercado à vista do Brasil chegou a bater, na última semana, a máxima histórica de R$ 43,44 por saca de 60 kg, segundo o Indicador Esalq/BM&FBovespa. O produto é utilizado como insumo para ração, em geral, das cadeias de aves e suínos.
De acordo com o ministro interino, o governo federal está concluindo os procedimentos para a comercialização do estoque público de milho.
Veículo: Jornal DCI