A epidemia de dengue e a grande comoção em relação aos efeitos da chikungunya e do zika, que também são transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti, está refletindo na produção de repelentes em Minas Gerais. Assustada com as notícias de crescimento do número de pessoas infectadas, a população deu início a uma verdadeira corrida às farmácias e supermercados em busca do produto que afasta o mosquito. A consequência disso foi o aumento, em mais de 100%, da produção de repelentes.
Com sede em Divinópolis, no Centro-Oeste do Estado, a Farmax precisará contratar mais funcionários e adicionar um turno na produção de repelentes para atender a demanda. De acordo com a gerente comercial, Flávia Amaral, a procura pelo produto foi alta durante todo o ano de 2015, mas explodiu em novembro, quando o número de casos de dengue no Estado já passava de 180 mil, segundo a Secretaria de Estado de Saúde.
De acordo com o órgão, 2015 fechou com 195.651 casos de dengue e, este ano, até o dia 26 de janeiro, já tinham sido registrados 20.859. O número é quase cinco vezes maior que o apurado em janeiro de 2015. Os casos de chikungunya chegaram a nove no ano passado e, este ano, não há nenhum confirmado. Também transmitido pelo Aedes aegypti, o zika foi identificado em duas pessoas em Minas Gerais este ano. A doença tem assustado a população, já que um de seus efeitos é a microcefalia em fetos.
“Assim que saiu a notícia que o mosquito transmitia uma doença que podia causar microcefalia nos fetos o estoque da nossa linha Moskitoff acabou nas lojas”, diz a gerente comercial. De acordo com ela, as vendas do repelente cresceram mais que 100% em 2015 em relação a 2014 e a Farmax precisou se reorganizar para atender a demanda. “A principal matéria-prima do repelente é importada, então tem um prazo para chegar ao Brasil. Logo quando a procura começou a aumentar fizemos o pedido, mas só agora está chegando o produto que encomendamos em dezembro do ano passado”, explica.
A gerente afirma que a tendência é de que a demanda continue crescendo, principalmente porque entre os consumidores do produto este ano está o governo federal. A Farmax foi uma das convidadas para uma reunião com os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e da Saúde, Marcelo Castro, para a negociação de venda de repelentes para distribuição às grávidas inscritas no Programa Bolsa Família. “O governo quer saber qual a nossa capacidade produtiva para atendê-los. Estamos preparando esse documento e, se passarmos a fornecer para o governo, a produção será ainda maior”, afirma.
De acordo com Flávia Amaral, a linha Moskitoff tem hoje seis produtos que se diferenciam pela forma de entrega: há o específico para crianças, o spray, o creme e o aerossol de 100 ml e 120 ml. A indústria já está trabalhando no lançamento de mais duas opções de 200 ml. A gerente afirma que, mesmo em meio à crise econômica, a empresa fechou 2015 com 10% de crescimento e a meta para 2016 é ainda mais otimista: 20% de crescimento.
A corrida pelo repelente no Estado também repercutiu no Grupo Cimed, que tem sede em Pouso Alegre, no Sul de Minas. De acordo com a gerente de produto, Priscilla Florêncio, a venda do repelente em 2015 teve um crescimento de 120% em relação a 2014, o que mudou o seu perfil de produção. “Até 2014, a venda de repelente era sazonal, com uma incidência maior no verão. Mas, desde o ano passado, isso mudou e ele virou um item de venda linear: é demandado o ano inteiro”, analisa.
A gerente também acredita que o pico de vendas está diretamente ligado à epidemia da dengue no Estado e à preocupação com as demais doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Priscilla Florêncio não arrisca dizer quanto a venda do produto crescerá este ano, mas acredita que a procura vai continuar aquecida. Atualmente, o grupo vende 2 milhões de unidades por ano.
A linha Xô Inseto tem seis produtos, sendo cinco variações de repelentes, e uma pomada específica para alergia às picadas. Para este ano, o grupo já planeja a expansão do portfólio: a expectativa é lançar, ainda neste semestre, dois novos produtos da família Xô Inseto, que se diferenciam por oferecerem duas horas a mais de proteção que os atuais. No segundo semestre, o grupo colocará no mercado um novo repelente à base de uma matéria-prima diferenciada. A gerente afirma que a empresa ainda está estudando se ele terá outra marca ou se será incluído na linha já existente.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG