A Sara Lee deverá enfrentar muitas dificuldades para encontrar compradores para marcas como a graxa para sapatos Kiwi e o banho de espuma Radox enquanto explora a venda da sua unidade de artigos domésticos e de cuidados com o corpo, dizem concorrentes e analistas do mercado. "É uma carteira um tanto desgastada", disse uma fonte de empresa de utensílios domésticos.
A Sara Lee, conglomerado americano que detém marcas de café, carne e de panificação, teria instruído o banco de investimentos Goldman Sachs a procurar compradores potenciais para sua divisão de itens para casa e cuidado pessoal.
Os analistas, que estimam o valor da unidade de negócios à venda em até aproximadamente US$ 1,7 bilhão, dizem que poderá ser difícil encontrar compradores. RobMann, analista do Collins Stewart, disse: "Não é um negócio muito bom".
As vendas em volume da unidade, em sua maior parte realizadas no mercado europeu, tiveram queda de 3,2% no segundo trimestre de 2008.
A empresa está enfrentando concorrência crescente de produtos de marca própria de supermercados na Europa, à medida que os consumidores começam a buscar alternativas mais baratas às marcas tradicionais.
As vendas de produtos de marca própria cresceram 5,6% nos mais importantes mercados europeus em janeiro, de acordo com a Bernstein Research.
A Sara Lee está tentando reagir à concorrência com a distribuição em lojas de grandes descontos e lojas de conveniência.
Um possível comprador para sua divisão de negócios poderia ser a SC Johnson, fabricante de produtos de limpeza, repelentes de insetos e aromatizadores de ar. Analistas dizem que é improvável que a Unilever seja a compradora, considerando a estratégia da multinacional de se concentrar em marcas fortes e em nichos de mercado, bem como a compra recente da linha para cuidados com os cabelos Toni & Guy.
A Reckitt Benckiser tampouco é uma candidata viável, pois está comprometida a comprar marcas em categorias em crescimento. A Unilever e a SC Johnson não responderam a pedidos de entrevista do "Financial Times". A Reckitt não quis comentar o assunto.
A unidade de negócios pode, no entanto, atrair algumas firmas de private equity, apesar de continuar difícil para muitas delas captar recursos.
A decisão de considerar a venda da sua divisão de artigos domésticos, que contribui com cerca de 17% da receita total da Sara Lee, acontece no momento em que a companhia prossegue com seu plano de "transformação" de cinco anos, iniciado em 2005.
A executiva-chefe da companhia, Brenda Barnes, quer transformar o conglomerado de bens de consumo numa companhia de menor porte, mais focada, e já vendeu ou desmembrou unidades de negócios num total de US$ 3,8 bilhões.
A receita líquida da divisão de artigos domésticos do grupo caiu quase 16% no segundo trimestre, para US$ 490 milhões. O lucro operacional caiu quase 30%, para US$ 45 milhões.
Veículo: Valor Econômico