Principal região econômica do País, o Estado de São Paulo foi um dos que mais sentiram a queda nas vendas do varejo. Em 2015, o recuo foi de 6,3%, frente a 2014. Neste ano, especialistas do setor têm nova previsão de queda, que pode chegar a 4% em relação ao ano passado. A retomada poderá vir só a partir de 2017, se o cenário da economia melhorar.
Os segmentos que têm sido mais afetados pela falta de ânimo dos consumidores em razão do cenário de crise econômica são os de concessionárias de veículos e lojas de eletrodomésticos e eletrônicos, cujos índices de queda ultrapassaram os dois dígitos em 2015 em todo o estado. Este ano, o panorama tende a se repetir, dizem consultores.
De acordo com a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), os dois segmentos registraram recuos de 16,7% e 15% nas vendas, respectivamente. Ao considerar somente o último mês do ano passado, as quedas nas lojas de automóveis alcançaram 21,1%, na comparação com dezembro de 2014, enquanto os varejistas de aparelhos domésticos e eletrônicos sentiram um recuo de 8,9% nas vendas, utilizando a mesma base de comparação.
Em dezembro de 2015, no total, o comércio varejista do Estado de São Paulo registrou faturamento real de R$ 56 bilhões, o que significa uma queda de 4,3% em relação ao mesmo mês de 2014, quando o setor faturou R$ 58,5 bilhões. Com isso, o varejo paulista encerrou o ano com faturamento real de R$ 550,2 bilhões - resultado 6,3% inferior ao registrado em 2014 e o pior resultado anual desde o início da série histórica (em 2009), sendo, de acordo com a FecomercioSP, o segundo ano consecutivo com taxa negativa em seu movimento acumulado.
"Este ano a gente crê em uma queda entre 3% a 4% para o varejo restrito. Mas as concessionárias e lojas de eletroeletrônicos devem sentir mais, com o recuo nas vendas passando dos dois dígitos no primeiro semestre de 2016", diz o assessor econômico da FecomercioSP, Vitor França.
Sete das nove atividades analisadas no levantamento da entidade apresentaram queda em dezembro, com destaques, além das concessionárias de veículos (-21,1%), para materiais de construção (-14,5%); lojas de vestuário, tecidos e calçados (-10%); e eletrodomésticos e eletrônicos e lojas de departamento (-8,9%). Juntos, os quatro segmentos contribuíram negativamente com 5,5 pontos percentuais para o resultado do varejo no Estado.
Os únicos segmentos avaliados que registraram crescimento nas vendas foram os de farmácias e perfumarias (9,8%) e supermercados (7,4%). Juntos, eles colaboraram com 2,9 pontos percentuais para amenizar a queda do varejo.
Para a FecomercioSP, só com as reformas no sistema tributário e previdenciário brasileiro será possível "garantir estruturalmente ganhos de produtividade para tornar a economia brasileira novamente competitiva. Enquanto isso não ocorrer, é improvável que o comércio do Estado [de São Paulo] consiga evitar nova queda de vendas e, com isso, consolidar um processo que já pode ser qualificado como o mais grave de sua história", classifica.
Regiões
Entre as 16 regiões do estado analisadas, apenas os comércios varejistas das regiões do litoral (7,1%) e de Marília (2,7%) demonstraram crescimento em dezembro, na comparação com o mesmo mês de 2014, enquanto as demais tiveram recuo nas vendas.
No maior mercado de consumo do País, São Paulo, os varejistas registraram uma queda de 2,9% em dezembro na comparação com o mesmo mês do ano anterior, atingindo um faturamento real de R$ 17,7 bilhões. Apesar de a retração da capital paulista ter sido menos acentuada do que a registrada no Estado, a redução foi de mais de R$ 525 milhões em relação às vendas de dezembro de 2014.
No acumulado do ano, a cidade de São Paulo atingiu faturamento real de R$ 172 bilhões, valor R$ 7,6 bilhões abaixo do faturamento obtido ao longo de 2014, o que representa uma queda acumulada de 4,2%, no período.
Para a assessoria econômica da FecomercioSP, além das circunstâncias desfavoráveis do quadro conjuntural nacional, a cidade é uma das regiões que mais absorvem os reflexos do aumento do desemprego e da redução do crédito, o que, para a entidade, são elementos que agravam a queda de confiança dos consumidores e das empresas. Esses fatores, diz, tornam mais distantes as possibilidades de recuperação.
Veículo: Jornal DCI