Vendas nesse período devem cair 3,4% em relação à mesma época de 2015 e será a maior queda dos últimos 12 anos.
O dragão da inflação não poupou nem o doce coelhinho. Esta Páscoa de 2016 será a mais cara dos últimos 13 anos, conforme alertou ontem a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Segundo a entidade, houve variação média de preços de 13,6% em relação ao ano passado e, com isso, consumidores podem sumir das lojas. Como reflexo da soma do alto preço e do pouco dinheiro no bolso do brasileiro, as vendas nesse período, de acordo com a CNC, vão cair 3,4% em relação à mesma época de 2015 e será a maior queda dos últimos 12 anos.
O estudo da CNC mostrou que entre os itens que mais subiram estão pescados (+11,3%), chocolate (+13,3%), combustíveis (+21,1%) e azeites (+28,3%). “Não temos excesso de demanda. O consumidor está sumindo das lojas”, ressalta o economista da CNC Fabio Bentes. Ele diz que a inflação de 2015, que fechou em 10,67%, rompeu o teto da meta de 6,5% estipulado pelo governo e gerou uma corrida no comércio para reajuste de preços. “Para produzir um ovo de Páscoa, não é só leite, chocolate e manteiga que contam. Quem faz investe em gasolina, pedágio, conta de luz, entre outros. Esses preços administrados subiram muito, pressionaram a indústria, que foi empurrando para o comércio”, avalia.
É pelo custo de produção que, segundo Bentes, a Páscoa de 2016 será a mais cara para o consumidor. “O custo de importação aumentou em quase 20% em relação ao ano passado, com a alta do dólar. Assim, o comércio está sem saída. Terá que aumentar os valores acima do desejado e, com isso, perder vendas”, diz. Em 2003, conforme esclarece Bentes, havia no país uma crise de confiança com a mudança de governo, o que fez com a Páscoa fosse de altos valores. “Agora, vivemos uma nova incerteza política que vem atrapalhando a economia. Há o pé no freio do consumo e o comércio demitindo e tendo custos altos”, afirma, prevendo que as próximas datas comemorativas, como Dia das Mães e o Dia dos Namorados, também poderão ser ruins para o varejo.
CAPITAL Em Belo Horizonte, de acordo com pesquisa do site Mercado Mineiro, os ovos de chocolate tiveram aumento de até 46,19%, como foi o caso do ovo ao leite da Garoto, com 45 gramas, que subiu de R$ 4,72 em 2015 para R$ 6,90 este ano. O Ovo Jolie Pet – 150g, aumentou 42,15%, sendo que o preço médio avançou de R$ 28,73 para R$ 40,84. O levantamento foi feito entre 24 de fevereiro e 3 de março e avaliou 106 produtos especiais para a data comemorativa.
A variação de preços para um mesmo produto, segundo a pesquisa, pode chegar a 60%. O ovo Carros, de 150g, é vendido por preços de R$ 27,39 a R$ 43,99. O ovo Monsters High – 100g – apresentou a segunda maior variação – de 52,11% – podendo ser encontrado por valores entre R$ 39,38 e R$ 59,90.
De acordo com Feliciano Abreu, diretor-executivo do Mercado Mineiro, salvo questões de tradição da data, brinquedos em alguns ovos para as crianças e embalagem mais sofisticada, quem opta pela barra de chocolate chega a economizar 346,50%, se deixar de levar para casa, por exemplo, um Ovo Diamante Negro e Laka – 500g, que tem o preço médio de R$ 52,75 e optar pela barra de Chocolate Lacta Diamante Negro Laka – 160g que tem preço médio de R$ 5,91. “Se o ovo for trocado pelo número inteiro (aproximado) de barras equivalentes, o valor a ser gasto é de R$ 11,81, ou seja, uma economia de R$ 40,93”, compara.
Veículo: Jornal Estado de Minas - MG