Queda em janeiro foi puxada pelo fraco resultado do setor automotivo que impactou toda a cadeia.
A produção industrial em Minas Gerais levou mais um tombo e registrou queda de 18,3% em janeiro na comparação com o mesmo mês de 2015. O mau desempenho foi motivado, principalmente, pela retração no setor automotivo, que impactou toda uma cadeia representativa para o Estado, e pela suspensão das atividades da Samarco após o rompimento da barragem de rejeitos em Mariana, na região Central. Nesta base de comparação, é o pior resultado do setor desde 2009, quando a crise econômica levou a uma redução de 29,3% na produção mineira.
Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O recuo do segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias em janeiro frente ao mesmo mês de 2015 foi de 42,4%, desempenho puxado principalmente pela menor demanda por automóveis, veículos para transporte de mercadorias e caminhão e trator. Já na indústria extrativa a queda foi de 26,6%. É o terceiro mês seguido que o desempenho desse setor sofre influência negativa da tragédia ocorrida em Mariana.
A fabricação de máquinas e equipamentos caiu 66,1% em janeiro em relação ao mesmo mês do ano passado devido uma menor fabricação de motoniveladores, tratores, escavadeiras, extintores de incêndio, peças para máquinas e aparelhos de terraplanagem. A redução no caso dos produtos têxteis foi de 23,8%.
“Uma menor produção na indústria automobilística é um impacto grande para Minas Gerais porque o Estado possui várias empresas em uma cadeia extensa de atendimento ao setor, que vai desde a mineração, passa pela siderurgia e chega às autopeças”, explica o analista do IBGE Minas, Antônio Braz.
Agravamento - Até mesmo na comparação de janeiro com dezembro, mês em que boa parte das indústrias entra em período de férias coletivas, houve uma queda na produção do Estado, nesse caso, de 1%. E quando analisado o período de 12 meses, a variação negativa acumulada foi de 9%. “Pelo histórico observamos que, desde março de 2014, o acumulado de 12 meses do setor industrial no Estado vem perdendo fôlego. E as quedas vêm ficando cada vez mais acentuadas”, afirma Braz.
Essa é uma das explicações para que a produção industrial mineira esteja hoje cerca de 22% menor do que estava em julho de 2008, momento de eclosão da crise econômica mundial. No País, o setor registrou retração de 17,1% no mesmo período.
A produção nacional também fechou janeiro com desempenho fraco, apesar de a queda ter sido menos acentuada do que no Estado. Comparado com o mesmo mês de 2015, houve retração de 13,8%, enquanto em 12 meses foi de 9%. Já frente a dezembro, a produção industrial brasileira cresceu 0,4%.
O desempenho de janeiro já é um indicativo de que o exercício não será fácil para o setor. Porém, os malefícios da crise econômica podem ser atenuados, caso as exportações sejam alavancadas pela depreciação do câmbio. “O dólar está em volatilidade e tem alterado de acordo com as indicações do que vai acontecer no cenário econômico. Além disso, é necessário esperar um tempo para saber como vão reagir os países demandantes de produtos brasileiros. Ainda é cedo para projeções, mas tudo indica que o Brasil deverá ser beneficiado com o dólar em alto patamar”, afirma.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG