Eletrônicos e motocicletas derrubam atividade industrial na Zona Franca

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A fraca atividade nas indústrias de eletrônicos, motocicletas, informática, bebidas, máquinas e equipamentos derrubou o desempenho da Zona Franca de Manaus (Amazonas) em janeiro. A produção no estado caiu 30,9% em relação a janeiro do ano passado.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção em nove das dez atividades acompanhadas no Amazonas recuou no último ano. "O Amazonas lidera em termos de magnitude da taxa negativa no ano contra ano, com destaque para eletrônicos [televisores, computadores, notebooks e tablets] pressionando a atividade. O segundo impacto negativo partiu da fabricação de bebidas, devido a retração em refrigerantes", explicou o pesquisador do IBGE, Rodrigo Lobo.

O recuo na categoria de bebidas surpreendeu o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco. Para ele, o movimento pode ser reflexo da deterioração na atividade econômica na região.

"O desempenho ruim nas demais atividades era esperado e não temos sinalização de mudança, porque a demanda continua fraca", disse Périco. Segundo ele, as alternativas adotadas em 2015 estão se esgotando. Férias coletivas por período prolongado, acordos de redução de jornada e demissões não vão mais compensar a demanda fraca, destacou o dirigente.

"Eu espero que possamos encontrar soluções para reduzir esse movimento de demissões, porque enquanto isso perdurar vamos alimentar um processo de consumo cada vez menor", afirmou Périco.

O dirigente lembrou a forte dependência da economia do Amazonas por demanda de bens de consumo semiduráveis, ligada a renda e nível de emprego no País.

Já a indústria extrativa, que no último ano minimizou as perdas de regiões, como Pará, Espírito Santo e Minas Gerais, começa a dar sinais de reversão do cenário positivo.

Segundo o pesquisador do IBGE, acidentes envolvendo a extração de minério de ferro e paralisações no setor de petróleo vêm anulando ganhos acumulados pela atividade extrativa ao longo de 2015.

"Até setembro do ano passado, essa atividade vinha com resultado positivo no Pará e no Espírito Santo, impulsionados pelo minério de ferro. Enquanto o primeiro, que concentra 80% da sua atividade industrial no setor extrativo ainda vai bem, o segundo vem sofrendo os efeitos do acidente em Mariana [MG] na região", citou.

A produção do Espírito Santo atua no campo negativo pelo quarto mês seguido até janeiro, lembrou o pesquisador do IBGE. Na comparação com janeiro de 2015, a atividade na região caiu 26,3%. Já no Pará registrou alta de 10,5%.

"Minas Gerais também sofre os desdobramentos do acidente [na barragem da Samarco] no final de 2015, com queda de 18,3%. Essa piora na indústria extrativa veio reforçar o impacto negativo visto em outros setores no estado, como máquinas, equipamentos e veículos automotores", comentou ele.

Rodrigo Lobo destacou ainda a paralisação nas atividades ligadas a cadeia de petróleo, fator que ajuda a explicar a retração no Rio de Janeiro (-14,1% ) na leitura anual.

Ainda na comparação com janeiro do ano passado, Bahia (+10,3%) e Mato Grosso (+9,3%) foram as únicas áreas, junto com o Pará, que registraram expansão da atividade.

"A região do Mato Grosso tem forte produção de itens relacionados a carne, cuja exportação vem sendo beneficiada por uma taxa de câmbio relativamente desvalorizada, explicando parte dessa alta", observou o pesquisador.

Melhora

Segundo o IBGE, a produção industrial no País permanece com taxa negativa na comparação anual, com recuo de 13,8% em janeiro.

No entanto, na passagem de dezembro para janeiro houve alta de 0,4%, com avanço em 8 dos 14 locais pesquisados.

As maiores altas foram registradas em Santa Catarina (3,7%) e Pará (3,3%). Pernambuco, Amazonas e Espírito Santo tiveram igualmente queda de 2,1%, na passagem de dezembro para janeiro.

 



Veículo: Jornal DCI


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