A pressão de custos, aliada a intervenções climáticas, em importantes culturas gaúchas, como o trigo, abriu espaço para a expansão e desenvolvimento da soja no estado.
Hoje, a oleaginosa é quem paga as contas dos agricultores da região e, nesta safra, caminha para a produção recorde de 16, 07 milhões de toneladas.
Durante a feira Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS), o presidente da Emater-RS, Clair Tomé Kuhn, atualizou a previsão de colheita para a temporada 2015/2016 do Rio Grande do Sul. A última projeção, divulgada no final de agosto, estimava 15,2 milhões de toneladas. Para a entidade, o aumento na área plantada e na produtividade alavancaram os dados.
No período, o plantio teve leve avanço de 5,42 milhões para 5,47 milhões de toneladas, enquanto o rendimento passou de 2,8 mil quilos por hectare para 2,938 mil quilos. A cultura ainda tomou espaço do milho, cuja previsão de área caiu em 12,9%, em relação a 2015, para 751,9 mil hectares.
Na lavoura
O sojicultor Luiz Fernando Fontana, proprietário da Granja Fontana, da região gaúcha de Lagoa Vermelha, com mil hectares cultivados, conta que houve um veranico com temperaturas extremas por cerca de 20 dias no início do plantio desta safra. Entre os meses de janeiro e fevereiro o clima se estabilizou e agora a expectativa é otimista para a colheita, que começa no próximo mês.
"Estou usando alta tecnologia e espero aumentar o resultado, em relação à safra passada. Cheguei a fazer replantio em uma área quase inexpressiva e quero chegar a 60 sacas [por hectare]", afirma.
Da região de São Luiz do Gonzaga, o produtor Valdinei Donato fez replantio em cerca de 15% das áreas. No entanto, o aumento de luminosidade dos primeiros meses deste ano sustentou o desempenho das plantas nos 2,1 mil hectares cultivados.
Curiosamente, Donato pratica um sistema de safra inverso ao do Centro-Oeste. Em meados de agosto, logo após a colheita de trigo, a região permite o plantio de milho e em seguida, como uma segunda safra, a soja - entre dezembro e janeiro. Ao DCI, o produtor revela que nas áreas irrigadas de sua propriedade, que correspondem a 50%, a produtividade chega a 75 sacas por hectare. No Mato Grosso, principal estado produtor da cultura no País, o número médio não ultrapassa 55 sacas. No chamado 'plantio de sequeiro', sem o auxílio da irrigação, o desempenho esperado por Donato é de 60 sacas por hectare.
Avanço tecnológico
Com opinião unânime, os dois produtores acreditam que, mesmo com o aumento nos custos de produção onerados pelo câmbio, não há possibilidade de abrir mão da tecnologia na lavoura. Baseada neste argumento, a Bayer, uma das maiores companhias de agroquímicos do mundo, traz para o Brasil sua primeira marca global de sementes de soja, intitulada Credenz.
Sem revelar os valores da operação, o diretor da unidade de sementes da empresa, Eduardo Mazzieri, diz que foram realizadas aquisições importantes no País em busca de avanço na genética do setor. "Do ponto de vista da receita da agricultura, temos uma expectativa extremamente positiva de retorno sobre os investimentos", comenta o executivo. No ano passado, o grupo destinou 4,3 bilhões de euros para pesquisa e desenvolvimento, recursos em que o Brasil está inserido.
Veículo: Jornal DCI