Apesar das oscilações climáticas e irregularidades com o excesso e a falta de chuvas, a safra brasileira de soja deve ser recorde neste ano, com 101,7 milhões de toneladas, segundo levantamento da consultoria Agroconsult. Se confirmada, a marca superará as 97,2 milhões de toneladas do grão no ano passado.
Os números divulgados ontem também são maiores do que a estimativa anterior da consultoria, de 101,6 milhões de toneladas de soja no período 2015/2016. A área plantada também aumentou cerca de 4% - de 32,1 para 33,2 milhões de hectares.
Na avaliação do coordenador-geral do Rally da Safra 2016, André Pessôa, as boas práticas agrícolas, como a estrutura física de solo, a melhor seleção na escolha dos fornecedores de sementes e a plantação no momento ideal foram vistas nos produtores com alto desempenho. Outro aspecto é a redução da velocidade das máquinas.
"Não tem nenhuma revolução acontecendo, nada muito novo. Já havia indícios no ano passado de crescimento de lavouras com desempenho acima de 70 sacas por hectare. Isso se repetiu com mais intensidade", afirmou Pessôa.
Os estados de Goiás e Minas Gerais foram bons destaques positivos, que conseguiram se recuperar de uma safra ruim em 2014/2015. São, respectivamente, 53,1 e 51,3 sacas por hectare no período 2015/2016, ante 43,2 e 44,3 sacas por hectare na safra anterior, diz a Agroconsult.
Mesmo com alguns problemas climáticos e de pragas, o desempenho de estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo foi considerado positivo.
Prejuízos
Não fosse as irregularidades com o clima nos estados do Matopiba, região que reúne Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, por conta da seca nos meses de novembro, dezembro e fevereiro, a produção de soja do País poderia ser ainda melhor, na avaliação de Pessôa.
"Vieram as chuvas em dezembro, o que permitiu que o plantio fosse feito. Em janeiro choveu muito, mas em fevereiro foi um período sem chuvas. Com esses resultados, essas lavouras não produziram de forma adequada", disse o analista. O Matopiba produziu cerca de 10 sacas a menos por hectare na safra 2015/2016.
A oscilação com as chuvas também foram vistas no Paraná e no Mato Grosso - os dois maiores produtores de soja. Em termos de produção, eles produziram 500 mil toneladas a menos nesta safra. "Não é uma safra ruim, mas poderia ter sido melhor", disse.
No Mato Grosso, os municípios de Sorriso e Sinop, enfrentaram mais intensamente a dificuldade com pragas. "Foi uma região que teve uma intensa presença de mosca branca esse ano. É um problema difícil e caro de combater, que dificulta a produtividade", declarou André Pessôa.
Mesmo sem a ajuda do clima, a produtividade média brasileira ficou pouco acima do ano passado (1%) em razão do controle preventivo e da menor incidência de pragas e doenças na maioria dos Estados. Pessôa destaca também que os técnicos do Rally da Safra encontraram maior variação no nível tecnológico das lavouras. "Há quatro ou cinco anos, a soja era uma cultura homogênea no Brasil. Agora o quadro tecnológico mudou muito e encontramos produtores que podem chegar a 70/80 sacas por hectare, enquanto outros colhem 40 sacas", disse.
A expectativa da Agroconsult é que o Brasil ultrapasse a produção norte-americana de soja a partir da próxima safra. "Não é um patamar consolidado. O brasil vai ultrapassar os Estados Unidos na produção de soja, quando ultrapassar vai ultrapassar e abrir, porque eles não têm condição de abrir mais área do que já têm", diz.
Milho safrinha
Com o recorde de soja, o desempenho de grãos na safra 2015/2016 deve chegar a 212,7 milhões de toneladas. No ano passado, foram 209 milhões de toneladas de grãos. Desse montante, 89 milhões de toneladas serão de milho, confirmando o bom momento do mercado com o plantio do milho safrinha.
A produção do milho segunda safra é estimada em 58,8 milhões de toneladas, com aumento de 8% sobre a safra passada. A área plantada deverá registrar crescimento de 11%, chegando a 10,7 milhões de hectares. A avaliação de safrinha será feita pelas equipes do Rally em maio.
Veículo: Jornal DCI