Com instabilidade econômica, operadoras de logística diversificam atuação e investem em tecnologia para atender mercado exigente. Soluções inovadoras estarão na 22ª Feira Intermodal
Com retração na atividade industrial, transportadoras e operadores de logística anunciam a entrada em novos nichos de atuação, lançam soluções de redução de custo, investem em tecnologia e acirram a competição no setor.
A Ceva Logistics, por exemplo, tem como estratégia este ano aumentar o número de clientes nos ramos farmacêutico, de varejo e de tecnologia. "Tradicionalmente focamos no automotivo e industrial, que neste cenário [político e econômico] estão em baixa", conta a gerente de desenvolvimento de talentos e comunicação corporativa da Ceva Logistics na América do Sul, Juliana Hatz. Com a nova vertente de expansão, um dos clientes que a empresa conseguiu foi a gigante dos cosméticos Sephora.
Ainda segundo a executiva, o foco para este ano é o lançamento de novos produtos que tenham como primórdio a inovação e a redução de custos. "De forma geral, os clientes agora esperam soluções que aumentem a produtividade, otimizem o tempo do transporte e permitam a sustentação do serviço no longo prazo", explica Juliana.
Uma solução lançada em 2015 com essa motivação é a Mobilty, que reúne ferramentas de visibilidade e controle de carga como o posicionamento da mercadoria e a escolha de melhores rotas e as versões digitais de POD (Proof Of Delivery) em tempo real. "Teremos outros serviços nessa linha, mas ainda estão em desenvolvimento."
Outra estratégia para crescer em 2016 é a expansão regional de seus pontos de venda, sobretudo no Nordeste, e a inauguração de seu Centro de Excelência em São Paulo, o 4° da companhia no mundo. Para ela, na instabilidade econômica a busca por preço tem sido prioridade nos clientes, por isso aumentar a equipe de vendas é estratégico para aproximar-se da empresa e mostrar a importância do serviço de valor agregado.
Concorrência
Outra companhia do ramo que tem investido em estrutura para inovação é a Panalpina, que ainda este ano deve abrir seu Centro de Excelência para clientes que queiram conhecer o que eles têm de mais novo.
A empresa também busca diversificar seus nichos e neste ano um dos mercados que pretende explorar com mais intensidade é o doméstico. "Estamos desenvolvendo mais soluções para este segmento, pelo declínio do frete internacional", comenta o diretor comercial e de vendas da Panalpina, Gustavo Pascoa.
De acordo com o executivo, esta é uma forma de crescer com a mesma carteira de clientes, já que será possível ofertar à empresa que utiliza os serviços da Panalpina um maior nível de soluções dentro do País. "É uma forma de abrir o leque para clientes tradicionais", explica Pascoa. Alguns serviços agregados com os quais pretende crescer são o desembaraço aduaneiro, armazenagem e distribuição.
Para manter os serviços internacionais, um dos produtos que a empresa aposta é o Brazil Wings, serviço aéreo de cargas que interliga a China, Estados Unidos e Brasil com duas frequências semanais fixas. A empresa, que já consolidou a solução nos mercados de tecnologia, bens de capital e automotivo pretende deslanchar com novos nichos: o de health care e varejo. "Esses mercados já faziam parte do plano de negócios e com a intenção de expansão pensamos em passar de duas frequências para três."
Tanto no mercado internacional quanto nacional, o executivo aponta que é possível ver oportunidades. "Com a instabilidade, o mercado está revendo seus serviços terceirizados e de supply chain e é uma oportunidade para nós."
No mercado doméstico, o executivo também aponta que deverá entrar no transporte de perecíveis, onde a empresa é muito atuante fora do País. "Sobretudo, no transporte de flores, já que a Panalpina adquiriu a Air Flo", completa.
Tanto a Panalpina quanto a Ceva já participam da Feira Internacional de Logística, transporte de cargas e comércio exterior, a Intermodal South America desde o início. E este ano elas apontam que as estratégias comentadas na entrevista serão evidentes em na feira. "Para conseguir nos adaptar ao aumento da concorrência, nós realizamos um projeto fantástico para o estande", ressalta Juliana, da Ceva. Segundo a executiva, mesmo com o cenário de redução de custos, a empresa decidiu adaptar o mesmo projeto que utilizou em uma feira em Munique, na Alemanha, para o Brasil - em dimensão menor.
Veículo: DCI