O crescimento do desemprego, a retração da renda e a insegurança no cenário político vão contribuir para que o consumidor permaneça cauteloso em adquirir bens duráveis, como carro e imóveis, daqui para frente, prevê a economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Marianne Hanson. A tendência, diz ela, é evitar a contratação de financiamentos de longo prazo, a juros altos, como os atuais.
O esperado é que, nos meses seguintes, a proporção de famílias que se declaram endividadas diminua, como já aconteceu de fevereiro para março, quando a taxa passou de 60,8% para 60,3%, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta quarta-feira, 23. "Não é muito comum o porcentual de consumidores endividados cair nesta época do ano. Com os reajustes de contas e gastos extras, há uma demanda maior por crédito", ressalta a economia.
Também é atípico para o período o casamento de queda do endividamento com o aumento da inadimplência, como aconteceu em março. O total de pessoas que responderam à pesquisa ter contas em atraso pulou de 23,3% em fevereiro para 23,5%. Em geral, quando a inadimplência sobe, os consumidores correr para contratar empréstimo para saldar suas dívidas. Mas, dessa vez, o crescimento do desemprego ou mesmo o temor de ficar desempregado serviu para conter o ímpeto de recorrer a novos empréstimos, segundo Marianne.
"O desemprego é um choque muito grande para o consumidor, um fator de desequilíbrio no orçamento das famílias e o esperado é que continue impactando negativamente o consumo", afirmou.
Em vez de buscar financiamento para solucionar dívidas, os consumidores estão preferindo a alternativa do cartão de crédito, que continua no topo da lista de ferramentas utilizadas para adiar pagamentos. Entre os entrevistados pela CNC, 77,3% informaram ter contas a pagar no cartão. A opção do carnê aparece em segundo lugar, com 16,7% do total.
Veículo: Jornal Estado de Minas - MG