Associação de supermercados espera arrecadação igual à inflação. No comércio popular, comerciantes fazem promoções para atrair público.
A Associação dos Supermercados do Rio ( Asserj) informou que não espera queda nas vendas dos produtos de Páscoa este ano. Não é um cenário de total otimismo, mas também "não é o fim do mundo", segundo Fábio Queiróz, presidente da entidade. Ele projeta um crescimento nas vendas equivalente à alta da inflação no período, que ele estima em 9%.
"Esperamos a estabilidade das vendas e que elas cresçam no mesmo patamar da inflação. Diante do cenário econômico que o país passa, podemos dizer que é uma vitória", afirmou Queiróz. Segundo ele, os supermercadistas apostaram este ano em um chamado pacote "anti-crise" que reúne mais variedade, marcas e tamanhos dos produtos. Dessa forma, o consumidor pode escolher o que "cabe no seu orçamento".
Às vésperas da Páscoa, quem busca os produtos típicos da época tem que bater muita perna para pesquisar, comparar e encontrar os melhores preços. O G1 percorreu alguns pontos do comércio do Rio e ouviu consumidores que estão optando por essa estratégia.
Nos supermercados, as prateleiras com produtos menores e mais baratos estão vazias. A estratégia de muitos deles é espalhar os itens em vários pontos. Também estão sortidas as áreas de produtos menores como barras, pequenos coelhos e bombons avulsos. É possível encontrar barras nacionais por R$ 6,99 e importadas por R$ 22.
Os preços dos tradicionais ovos sobem bastante, dependendo do peso e da grife. Os dourados da Ferrero Rocher, de 390 gramas, podem ser encontrados "na promoção" por R$ 74,90 em uma rede de supermercados na Zona Sul.
Eles estão organizados estrategicamente próximos aos caixas, mas chamam pouca atenção do consumidor. Coelhinhos de chocolate belga, a R$ 4,95 em outra rede de supermercados, sumiram das prateleiras.
Os consumidores também exercitam a criatividade para não deixar a data passar em branco. O G1 esteve no comércio das ruas que compõem a Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega (Saara), uma das principais áreas de comércio popular da cidade. Lá, os sinais da Páscoa são pequenos e discretos.
Na companhia da mãe, Patrícia Reis saiu de Guapimirim, na Região Serrana, em busca de melhores preços na Saara. Ela escolheu o tema Páscoa para a festa de aniversário do filho de dois anos, que será comemorado no domingo (27). Coelhos e chocolates estavam entre os itens que ela procurava nas lojas na última terça-feira (22).
Depois de andar muito e pesquisar, ela decidiu abrir mão da quantidade e até mesmo da qualidade para gastar menos. Ela reduziu os enfeites e comprou coelhos menores além de economizar na mesa de doces. "Estou tirando de um para botar em outro. Compro um chocolate mais caro e um mais barato para misturar", contou.
A dona de casa Rose Salles, moradora do Rio Comprido, decidiu ganhar um dinheiro extra para as despesas investindo pela primeira vez na produção de produtos de chocolate artesanal. Com a filha Julia, 19 anos, ela percorria as ruas do Centro em busca de preços mais em conta para embalagens de seus produtos.
"Essa é a parte mais cara. Os chocolates também estão com preços altos, mas encontrei barras com preços 30% mais barato em uma loja de doces popular na Central do Brasil". A produção delas é vendida pelas redes sociais e já está toda vendida.
Na mesma região, uma filial das Lojas Americanas investiu na propaganda para atrair consumidores. Uma locutora chamava a atenção para as promoções. Ovos pequenos e de marcas menos conhecidas custavam R$ 9,90. Em praticamente toda a loja era possível encontrar ovos com preços promocionais. Entre as atrações e novidades, o "ovo família", que pesa cerca de 800 gramas e pode ser dividido pela família e amigos. O preço é de R$ 72.
No comércio popular no Centro da cidade, o clima é mais pessimista. Os comerciantes da região investem em promoções para vender produtos típicos da Páscoa.
Nilton Barcelos, gerente de uma rede de lojas especializada em festas da região, disse ao G1 que as vendas de produtos relacionados à data caiu em cerca de 50%. O espaço dedicado aos produtos é minímo e fica no meio da loja.
Ele confirmou que o investimento do estabelecimento este ano foi pequeno. "Compramos menos para não deixar faltar mercadoria e a data não passar em branco". As barras para produção de chocolate artesanal variavam entre R$ 16,50 e R$ 32,90.
Para o representante da Asserj, as promoções de última hora nos supermercados é uma estratégia adotada para aumentar as vendas. Segundo ele, o aumento das promoções não ocorre somente com os produtos da Páscoa. Ele recomenda a pesquisa e aconselha o consumidor a "se não achar o que convém em um supermercado, procurar outro até encontrar o seu produto".
Nas lojas que vendem bichos de pelúcia no Saara, que nesta época costumam faturar com a venda de coelhos, o clima também não é dos melhores. O dono de um estabelecimento, que não quis se identificar, disse que não comprou produtos novos para vender. Ele está usando estoques antigos e para melhorar o volume de vendas decidiu reduzir os preços. Os coelhos mais baratos custam cerca de R$ 6 e os mais caros R$ 60. "O movimento está fraco, mesmo abaixando o preço".
Vendedores de uma tradicional rede de lojas de produtos alimentícios na região do Saara, as Casas Pedro, dizem que o bacalhau está vendendo bem. O bacalhau imperial luxo, que custava R$ 44, teve uma redução de preço e passou para R$ 39,80. Esse é o mais vendido. "Eles procuram o mais barato, mas não deixam de comprar. É a tradição", diz o vendedor. Na terça-feira, ele disse que já tinha vendido 300 quilos do produto.
Veículo: Portal G1