Aumento acumulado nos últimos meses foi tão grande que muitos consumidores nem perceberam a queda verificada em março.
Os preços de vários alimentos populares na mesa tiveram um recuo em março. Mas o aumento acumulado nos últimos meses foi tão grande que muitos consumidores nem perceberam essa queda.
Alívio no bolso? Quem vem sentindo? “Em nada, eu não senti em nada. Se a pessoa não tiver jogo de cintura, não pode comprar nada”, disse a dona de casa Lindalva Alves.
A inflação de março foi menor que a de fevereiro. Os produtos que ficaram mais baratos foram os hortifruti, por causa do clima. Inhame, maracujá, abacate, batata-baroa, aipim. Safra mais farta significa preço mais baixo, mas no supermercado, para os consumidores, a economia ainda é bem tímida.
“Não sentem nenhum alívio porque, veja, olhando para frutas, verduras e legumes, em média, em todos eles, desde outubro, mais ou menos, do ano passado, a alta, mês a mês, acumulou em outubro, novembro, dezembro, janeiro e fevereiro mais de 30, 40% em alguns casos. Quando você tem mais de 30, 40% de alta acumulada, esse produto ficou tão caro, que cair 2%, 3%, 4% agora não representa nada de alívio para o consumidor”, explicou o professor de Economia Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio.
Nas prateleiras, alguns produtos caíram de preço nas últimas semanas. O tomate, por exemplo, foi visto à venda por R$ 8 o quilo. Agora, ele está custando R$ 4,99. Para o consumidor, não está barato. Continua difícil encher o carrinho.
“Ele custa R$ 3, você leva para R$ 10, aí, depois, ele cai para R$ 6 e você diz: ‘reduziu’, diz o aposentado Roberto Luz.
Bom Dia Brasil. Como é que faz? Tem que comer, não é?
Roberto Luz: É, tem que comprar, tem que comer, aí você vai deixar de fazer outras coisas na sua vida.’
O oficial de máquinas da Marinha Mercante Eduardo Simermann percebeu a queda, mas para, ele o preço ainda está longe do ideal.
“Olha, ainda não está no preço que a gente gostaria, deveria estar mais barato, mas em relação a semanas passadas, já está bem melhor”, disse Eduardo.
Alguns pescados estão um pouco mais baratos. A anchova, badejo, tilápia. E o preço médio da carne também caiu. Será que já dá para animar para aquele churrasco? “Com esse preço, está difícil comer carne”, diz outro consumidor.
Contrafilé, filé-mignon, alcatra. O preço caiu tão pouco que muita gente nem percebeu. “O que mais estão comendo lá em casa é frango, porque a carne está cara, filé mignon eu não como há anos”, diz a estudante de gastronomia Maria Claudiana.
Para o economista Luiz Roberto Cunha, a carne, um produto normalmente mais caro, vem sendo menos consumida por causa da queda da renda do brasileiro. “Quando você acumula uma alta nesse nível, o consumidor não tem mais capacidade, no nível que você tem hoje de desemprego, de perda de renda, de pagar por esse tipo de produto na quantidade que ele comia antes”.
“Contrafilé a R$ 43,90, está um absurdo, está impossível de se comer carne”, reclama uma consumidora.
Bom Dia Brasil: Churrasco, nem pensar.
Consumidora: Nem pensar!
Veículo: Portal G1