Preço acirra disputa em produtos de limpeza

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A concorrência no segmento de produtos de limpeza está mais acirrada este ano, com a briga por preço ganhando espaço. Embora a demanda por esses produtos se mantenha estável, as grandes indústrias têm pressionado mais as empresas de menor porte.

Conforme levantamento da consultoria Euromonitor International, as vendas no segmento tiveram alta em valor e volume na passagem de 2014 para 2015. No ano passado, o mercado de produtos para cuidados com a casa (produtos de limpeza) somou R$ 19,6 bilhões.

"Isso foi especialmente positivo considerando o ambiente macroeconômico no Brasil", de acordo com análise da equipe da Euromonitor, em relatório.

Até 2020, a consultoria estima que as vendas dessa categoria de produtos alcance a marca de R$ 21,1 bilhões.

A AudaxCo, fabricante do interior paulista, aposta na resiliência do segmento para manter os ganhos este ano. "Acredito que o nosso mercado será um dos que menos terá impactos da crise econômica do País. Porque são produtos de necessidade básica, as pessoas não deixam de comprar", afirmou o diretor de marketing da empresa, Diego Viriato.

O volume produzido pela AudaxCo avançou cerca de 5% no ano passado, com o faturamento registrando mais que o dobro desse percentual. Para 2016, a meta é ampliar em 10% o volume produzido e 18% o faturamento.

Ele conta que o foco da empresa é a linha profissional, responsável por 90% do faturamento da empresa. A linha doméstica também deve ter algum incremento em 2016, devido ao avanço na demanda por marcas próprias.

"Esperamos crescer com a produção para marca própria, tanto na linha profissional como doméstica. Nesta última, a procura de grandes redes de varejo por fornecedores é grande, mas a margem de lucro nesse negócio é bem mais apertada", contou ele.

A margem mais pressionada é resultado da estratégia dessas varejistas, que têm optado pela briga por preço com as fabricantes já estabelecidas no mercado. "A disputa por preço está muito forte no segmento doméstico, um dos motivos que tem levado a AudaxCo a concentrar esforços nas linhas profissionais e marcas próprias, porque a nossa marca não é forte no varejo", revelou Viriato.

Fontes do mercado afirmam que as gigantes do setor estão adotando ações mais agressivas de preço no varejo para avançar sobre as empresas menores. A Reckitt Benckiser (RB) teria reduzido em até 30% o preço de um dos itens da linha Veja - líder no segmento - recentemente.

A empresa pernambucana Indústrias Reunidas Raymundo da Fonte, fabricante da marca Dicas do Lar, também observou a mudança na estratégia das grandes empresas nos últimos meses. Segundo o executivo de marketing da empresa, Daniel Vieira, a concorrência por preço tem se intensificado. Para não perder participação, a Reunidas tem buscado reduzir custos de produção.

"A alta nas despesas de produção está dificultando bastante a concorrência pelas vendas. Investimos também para ampliar a distribuição nas regiões nas quais já estamos presentes, para compensar a eventual queda nas encomendas e otimizar despesas com frete", explicou ele.

Concentrado

Vieira citou investimentos em produtos de limpeza concentrados como outra estratégia da Reunidas para reduzir despesas. "Os itens concentrados exigem menos água na fabricação e as embalagens e fretes também são menores, reduzindo ainda mais nossos gastos."

A aceitação desses produtos pelo varejo, entretanto, ainda é pequena. O executivo da Reunidas contou que a empresa tem trabalhado com preços em média 10% menores para os concentrados, em relação aos produtos tradicionais, para estimular a demanda.

Com distribuição concentrada nas regiões Norte, Nordeste e no estado do Rio de Janeiro, a dona da marca Dicas do Lar tem nas linhas de limpeza 50% do faturamento total. "A crise acaba afetando o mercado, mas temos visto a demanda estável. Crescemos no ano passado e esperamos alta em 2016" citou ele. A empresa não revela valores.

A AudaxCo também espera reduzir custos de fabricação com o avanço da linha de concentrados no portfólio. O diretor de marketing da fabricante lembrou que além da redução nos gastos com água, embalagem e frete, a despesa com o descarte de resíduos é menor. "Hoje um dos meus maiores gastos é com a limpeza e destinação dos resíduos da produção regular", detalhou ele.

A Unilever destacou o desempenho da linha de amaciantes concentrados Comfort nas vendas do primeiro trimestre de 2016. "Depois do sucesso de Omo pré-tratamento e removedores de manchas no Brasil, estamos ampliando na América Latina", revelou a companhia em relatório na última semana.

Já a concorrente Procter&Gamble (P&G) quer aumentar as vendas de amaciantes concentrados de maior valor agregado. "O segmento continua sendo uma grande aposta para a P&G. A marca Downy ganhou 15% de participação em 2015 e agora detém uma fatia de 12,2% do mercado total de amaciantes", informou a companhia, em nota enviada ao DCI.

 



Veículo: Jornal DCI


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