O consumidor brasileiro está desembolsando menos com cuidados dos seus animais de estimação. Apesar disso, as lojas do setor relatam que a demanda por produtos continua crescendo, e que este fator seria o responsável por manter o mercado pet aquecido.
Redes como a campineira 100% Pet, por exemplo, constataram que os clientes estão gastando entre 10% e 15% menos a cada compra. No entanto, como a procura por produtos destinados aos bichos ainda cresce, o balanço da empresa segue registrando crescimento, tanto em vendas como faturamento.
"Percebemos essa movimentação em algumas das nossas lojas. Há, realmente, uma mudança no comportamento do consumidor, que apertado pela crise, opta por produtos de menor valor agregado, como rações básicas. Mas ao mesmo tempo registramos um fluxo maior de clientes e isso ficou bem claro nos nossos últimos resultados", diz o diretor-geral da 100% Pet, Ricardo Matos.
Em janeiro deste ano, o faturamento da rede no conceito mesmas lojas foi 30% superior se comparado aos índices de janeiro de 2015.
Para suportar o crescimento, serão abertas, ao menos, 8 novas lojas até o final deste ano. A próxima inauguração está marcada para daqui 20 dias. Atualmente a marca opera com sete unidades, a maioria no estado de São Paulo.
"Nossa meta é chegar ao final do ano com 15 lojas. Com isso, nosso faturamento deve aumentar, no mínimo, 50%", estimou Matos ao DCI.
Em 2015, as receitas da 100% Pet alcançaram um montante superior a R$ 1,2 milhão, o que significou um crescimento de 100% no ano. O setor, entretanto, cresceu, no mesmo período, a passos mais lentos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), esse mercado cresceu 7,6% no ano passado, na comparação com 2014. Ao todo, foram movimentados cerca de R$ 18 bilhões em itens, serviços e alimentos voltados aos bichos.
"Nós ainda temos um déficit para cobrir, portanto há bastante espaço para crescer. Hoje, segundo o IBGE, só 34% dos animais no Brasil se alimentam de produtos industrializados. Nos Estados Unidos, por exemplo, esse índice chega a 98%", afirma o presidente da Abinpet, José Edson de França.
De acordo com ele, apesar do consumidor estar optando por produtos de menor valor agregado, houve um aumento de 2,5% no consumo de alimentos para pets em 2015.
Preço alto
O corte por parte dos clientes, além do fator econômico, também pode ter sido causado pelo aumento do preço da ração.
Além das commodities, que segundo França subiram acima da inflação, o governo federal decidiu, no início do ano, aplicar uma alíquota de 10% do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os alimentos animais.
"Estamos brigando para que essa decisão seja revertida. Mas caso não seja, provavelmente isso será repassado ao consumidor final", comenta.
Atualmente, são comercializadas 2,5 milhões de toneladas de ração animal no País.
Mesmo assim, França acredita ser possível manter o ritmo de crescimento que o setor tem registrado nos últimos cinco anos por aqui.
"A gente trabalha para manter uma alta de 7,6% frente ao que faturamos em no ano passado", projeta.
Logística
Também estimando crescer esse ano, a varejista Petz inaugurou no início do mês passado um novo centro de distribuição para atender as novas demandas que a expansão da rede de pet shops causará.
Apesar das incertezas econômicas do País, a empresa pretende atingir um crescimento de 20% este ano, com expectativa de faturar mais de R$ 500 milhões. Para isso, até dezembro, a Petz planeja a abertura outras 12 unidades. O investimento no novo espaço foi de R$ 5 milhões.
Veículo: Jornal DCI