A taxa de desemprego entre os jovens aumentou 4,7 pontos percentuais (p.p.) durante um trimestre, chegando a 24,1% nos primeiros três meses deste ano.
O número de pessoas com idade entre 18 e 24 anos que não encontram trabalho no País subiu para 3,680 milhões. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O avanço da taxa não pode ser explicado apenas pelo corte de vagas. Com o crescimento do desemprego, mais pessoas dessa faixa etária estariam procurando trabalho para compor a renda familiar, disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento no IBGE.
"Muitos trabalhadores que perdem o emprego decidem criar seu próprio negócio, na informalidade, e acabam ganhando menos dinheiro e perdendo as garantias previstas no trabalho com carteira. Por isso, os jovens da família acabam também buscando emprego para pagar, inclusive, as próprias contas", disse.
Azeredo ressaltou, entretanto, que a taxa é sempre mais elevada para as pessoas com idade entre 18 e 24 anos. "Nessa fase, existem várias barreiras que impedem a entrada no mercado. Algumas delas são barreiras de qualificação, de maturidade, de empreendedorismo, de experiência. Mas agora, com o mercado saturado, a situação fica ainda mais complicada [o que faz com que esses empecilhos sejam estendidos]", afirmou.
E a situação deve piorar nos próximos meses, alertou Eduardo Mekitarian, professor de economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Segundo ele, o desemprego avançou lentamente, no começo da crise, "porque o setor de serviços absorvia as perdas do setor industrial". Com o esgotamento desse intercâmbio, "a tendência é de aumento ainda maior".
Mekitarian contou que os processos de estágio, outra opção comum para a faixa etária, também estão mais escassos. "Vejo isso inclusive quando falo com os alunos da faculdade, que estão com mais dificuldade para encontrar estágios. A procura tem sido muito grande e a oferta das empresas está diminuindo cada vez mais."
Além do avanço entre os jovens, o desemprego também cresceu nas faixas etárias mais elevadas. Entre os trabalhadores de 25 a 39 anos, a taxa teve alta de 1,4 p.p., na comparação com o último trimestre de 2015, e chegou a 9,9%. Para as pessoas de 40 a 59 anos, o aumento foi de 1 p.p., puxando a desocupação a 5,9%. Na faixa de 60 anos ou mais, o crescimento de 0,8 p.p. levou o desemprego a 3,3%.
A quantidade de jovens sem trabalho só é superada pela faixa de 25 a 39 anos, que tem 3,843 milhões de pessoas fora do mercado. Para as demais, o numero é menor: 2,237 milhões entre 40 e 59 anos e 220 milhões com 60 anos ou mais.
Salários em queda
No primeiro trimestre, o rendimento médio real caiu em todas as faixas etárias. E os jovens, novamente, foram os mais afetados. Na comparação com os três primeiros meses do ano passado, a diminuição para a faixa etária foi de 6%. Assim, os ganhos mensais baixaram para R$ 1.061.
"Nessa idade, há menor poder de barganha, de negociação. Além disso, jovens estão perdendo empregos com maiores salários e acabando em vagas com remunerações inferiores", justificou Azeredo.
Para a faixa entre 25 e 39 anos, houve recuo de 3%, no mesmo período, e os ganhos ficaram em R$ 1.845. Já os trabalhadores com idade entre 40 e 59 anos tiveram rendimentos mensais 4% inferiores, de R$ 2.228. As pessoas com 60 anos ou mais também receberam 4% menos (R$ 2.349).
Ainda segundo a pesquisa do IBGE, por região, o desemprego entre os jovens é maior no nordeste (27,4%) do que nas demais regiões: sudeste (25,5%), norte (23,1%), centro-oeste (20,7%) e sul (17,2%).
Veículo: Jornal DCI