Falta de milho sustenta alta no preço do trigo

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Diante de expectativas de crise na oferta de milho até meados de 2017, a cadeia de proteína animal - principal consumidora do grão no mercado interno - tem recorrido ao trigo como alternativa para ração, fato que deve sustentar preços altos para o cereal no decorrer do ano.

"O que está mantendo elevados os preços do trigo são as indústrias de ração. A moagem para esta finalidade já paga cerca de R$ 810 por tonelada, sendo que, em geral, este valor girava entre R$ 580 e R$ 680 por tonelada. Isso porque o milho chega a custar R$ 980 por tonelada", afirma o analista sênior da consultoria Trigo & Farinhas, Luiz Carlos Pacheco.

De acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), no Paraná e em Santa Catarina, a disputa por milho está bastante acirrada e o grão chega a ser negociado acima da média nacional, a R$ 54 por saca de 60 quilos. A região compreende um dos principais polos produtores de aves e suínos.

Agora, Pacheco recomenda que o produtor plante trigo pois, mesmo que haja uma frustração de safra tal como a do ano passado, ainda será possível comercializar o trigo 'forrageiro' para o mercado de alimentação animal.

Neste mês, o Ministério da Agricultura aprovou um reajuste de 10,5% nos preços mínimos do cereal tipo pão cultivado na Região Sul para o ciclo de 2016/2017, em vista do forte prejuízo climático do ano passado e do aumento nos custos de produção.

Mesmo assim, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta redução média de 14,1% na área de plantio, que tende a ser compensada pelo possível acréscimo de 22% na produtividade.

Neste contexto, a produção nacional pode aumentar 5,3%, para 5,82 milhões de toneladas. Segundo a Conab, a colheita paranaense, maior do País, deve cair 6,4% para 3,15 milhões de toneladas.

Na lavoura

O especialista em trigo do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura do Paraná, Carlos Hugo Godinho, conta que parte dos produtores do setor migrou para o milho de segunda safra, em função de maior retorno sobre os custos de produção em relação às despesas com o cereal. No sul do estado, onde não há possibilidade de fazer safrinha, triticultores reduziram áreas por receio de novas perdas com o clima.

"O produtor não está muito suscetível a arriscar, ele prefere não perder e nem ganhar dinheiro", enfatiza Godinho. Até o momento, as chuvas têm sido relativamente favoráveis para o plantio e a aposta é que o fenômeno La Niña afaste as chuvas da colheita. "Se tudo ocorrer desta forma, teremos uma safra normal", diz.

No Rio Grande do Sul, segundo no ranking de produção nacional da cultura, levantamento inicial da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS) aponta para uma queda de 13,11% na área destinada ao cereal e colheita de 1,697 milhão de toneladas.

"Apesar de terem colhido uma excelente safra de verão e estarem capitalizados, os agricultores não parecem animados, dando mostras de que deverão reduzir os investimentos no trigo", informa a entidade. Para o diretor técnico da Emater, Lino Moura, a produção deve crescer 21,9%, ante o péssimo desempenho anterior.

 



Veículo: Jornal DCI


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