Pesquisa da CDL-BH indica uma expectativa de queda nas vendas entre a maioria dos comerciantes.
A comemoração do Dia dos Namorados entre os belo-horizontinos deve ser mais modesta em 2016. Assim como ocorrido na Páscoa e no Dia das Mães, a data não deve escapar dos efeitos da recessão econômica que atinge o País. Pelo menos é o que esperam 59,2% dos lojistas da capital mineira, que estão pessimistas com o desempenho de seus negócios para o Dia dos Namorados e aguardam uma queda de 27,2% nas vendas. Uma retração de 13,1% também é prevista no preço médio dos presentes em relação ao ano anterior, de R$ 101,85 para R$ 88,50. Os dados são da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH).
Segundo a pesquisa feita pela entidade entre 9 e 20 de maio, entre os empresários pessimistas, 46,6% acreditam que as vendas serão inferiores neste ano na comparação com 2015 e 12,6% muito piores. A descrença é maior por parte dos proprietários de empresas de médio porte (100%) e dos microempreendedores individuais (75%).
Com a grande influência da inflação sobre o poder de compra da população em geral, os empresários esperam uma postura mais cautelosa por parte do consumidor mineiro, que não deve deixar de presentear, mas vai procurar por um valor que seja mais adequado à sua realidade. A expectativa de 42% dos entrevistados é de que os consumidores desembolsem somente até R$ 50 com o presente para o parceiro, enquanto 33% apostam em um gasto um pouco maior, de R$ 50 a R$ 100.
O vice-presidente da CDL-BH, Marco Antônio Gaspar, explica que a queda na perspectiva de gastos do consumidor é reflexo do balanço feito pelos lojistas nas vendas da Páscoa e do Dia das Mães. “Os empresários não conseguiram a renda que esperavam para esses períodos e, agora, estimam que esse número (do tíquete médio) vá cair. Apesar de menor, essa estimativa está mais dentro do que consideramos correto, do que a gente tem acompanhado para o comércio e que esperamos que vá acontecer”, avaliou.
Estoques - Em 2015, na comparação com o ano anterior, as vendas do Dia dos Namorados já haviam sido piores. Após oito anos de altas consecutivas, houve queda de 4,20%, com um faturamento de R$ 2,05 bilhões para o período. Neste ano, para se prevenir de um prejuízo maior, 55,4% dos lojistas fizeram um estoque menor, enquanto 30,1% compraram o mesmo volume. Apenas 7,7% dos entrevistados disseram ter ampliado a quantidade de produtos para a data. Para 40,8% dos empresários, o desemprego é o fator que mais prejudica neste momento, pois interfere diretamente no consumo.
Questionados sobre a atual situação financeira de sua empresa, 57,2% dos lojistas afirmaram que a percepção é de piora na comparação com 2015; 31,1% disseram estar semelhante e apenas 5,9% observaram uma evolução nos negócios. Gaspar ressalta que, apesar do pessimismo, houve uma melhora na confiança dos empresários após o afastamento de Dilma Rousseff da presidência da República. “Porém, enquanto políticas de fomento ao setor produtivo não forem implantadas, o desenvolvimento econômico brasileiro continuará emperrado”, afirma o vice-presidente da CDL-BH.
Otimismo – Mesmo com a descrença da maior parte dos comerciantes, 15,5% do total de entrevistados esperam um desempenho positivo no Dia dos Namorados, com um incremento médio de 4,3% nas vendas. Os lojistas mais confiantes para a data são dos segmentos de cosméticos, perfumaria e calçados, o que pode ser justificado pelo menor valor agregado de seus produtos. Outros 23,3% creem em vendas semelhantes às de 2015.
Entre os fatores que podem contribuir a favor do varejo no período, o fim da crise econômica e política é o mais citado pelos empresários (34,3%), seguido pelo aquecimento do mercado de trabalho (14,6%) e a mudança no cenário político (12,6%). Para 36,9% dos lojistas, as roupas devem ser um dos produtos mais procurados pelos consumidores que planejam presentear na data. Os calçados (22,5%) e as joias/bijuterias (8,1%) vêm na sequência. No caso do vestuário, os empresários estimam que o valor médio a ser gasto com o presente deve ser de R$ 97,80; calçados, R$ 82,15; cosméticos, R$ 75; joias e bijuterias, R$ 100; e floricultura, R$ 79,17.
O investimento na decoração da loja (32,1%), assim como o preço e a liquidação (30,4%), são, segundo os entrevistados, as suas apostas para atrair os consumidores para as compras no período. “Quando não há crise, o preço é um simples atrativo. Mas, quando o dinheiro no bolso do consumidor está curto, a tática do preço baixo sempre funciona. Quem puder fazer um preço melhor agora, com certeza vai atrair mais clientes”, destaca Gaspar.
Para 77,7% dos empresários, o parcelamento deve ser a opção de pagamento escolhida pelos consumidores na hora da compra, contra 11,7% de pagamento em dinheiro, 2,9% no cartão de débito e 6,8% à vista no cartão de crédito. Para a CDL-BH, em junho, o desempenho do comércio deve variar entre -1,88% a +0,63, na comparação com o ano passado.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG