Para atender o cliente que antes ia ao restaurante, mas está com o bolso apertado, vale tudo: ligar
O setor de restaurantes tem sofrido com a diminuição no fluxo de clientes, impulsionada pela queda da renda. Esse cenário negativo, no entanto, chegou com menos força em um de seus braços: as redes focadas em delivery. Apesar de sentirem menos os efeitos da crise, as empresas têm investido forte em alternativas de venda e nichos de atuação.
O consumidor brasileiro tem saído menos para comer fora e, por isso, tem buscado mais por serviços de entrega em domicílio, já que o custo é menor. "Acho que esse é o principal fator que impulsiona o crescimento da procura pelo delivery. Na crise, as pessoas buscam economizar sempre que possível", diz o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (AbraselSP), Percival Maricato. Segundo ele, a maior praticidade é outro aspecto que influi nessa alta.
A Dídio Pizza Delivery tem aproveitado essa vantagem e vem investindo em novas formas de comercializar seus produtos, para maximizar ainda mais o potencial de vendas. A rede iniciou no final do ano passado um trabalho intenso de venda direta. A partir da análise dos dias e horários que cada consumidor costuma fazer o pedido, a empresa liga diretamente para os clientes oferecendo os produtos. "Fazemos em média 3 mil ligações diárias oferecendo nossas pizzas", diz o dono da rede, Elídio Biazini. Dessas ligações cerca de 4% são convertidas em compras. A ação vêm em linha com outros investimentos da empresa visando o aumento na receita.
Entre eles, a criação de um aplicativo próprio, também no final do ano passado, e a parceria com a plataforma de pedidos iFood também têm dado bons resultados. Prova disso é o faturamento no primeiro quadrimestre deste ano, que registrou acréscimo de cerca de 17%, na comparação interanual - e já considerando os efeitos da inflação.
A China In Box, rede de comida chinesa com 153 lojas no Brasil, também tem investido em um aplicativo próprio, que deve ser lançado nas próximas semanas, segundo o presidente da TrendFoods - holding que controla a rede -, Robinson Shiba. A empresa faz parte desde novembro do ano passado do iFood e, segundo o executivo, a parceria trouxe bons frutos. "Nossa grande aposta são os aplicativos. Hoje, cerca de 38% da receita vem através de dispositivos digitais. Nos próximos anos esse valor deve crescer muito", afirma.
Outro aspecto ressaltado pelo empresário é a parceria com o mercado corporativo, que em algumas das franquias é um importante nicho de atuação. Na loja localizada na região do Itaim Bibi, por exemplo, a venda para empresas parceiras já representa quase 10% do faturamento da unidade. De acordo com o franqueado, Eduardo Murakami, o acordo fornece desconto de 10% para os funcionários das empresas cadastradas e alonga o prazo para o pagamento.
A rede Brasileirinho Delivery, que entrega pratos típicos brasileiros no formato Box, tem uma atuação ainda mais intensa nesse segmento. Segundo a empresa, 40% da receita total da rede é proveniente do mercado corporativo.
Ganhando espaço
Os atrativos do formato delivery e a necessidade de aumentar a receita - em decorrência da queda do fluxo - têm feito com que mesmo empresas em que a entrega em domicílio não é o core business, passem a investir mais nesse serviço.
A rede de restaurantes japoneses Sassá Sushi é um exemplo. Segundo o dono da empresa, Alexandre Saber, foi o delivery que segurou o faturamento este ano. "Com a crise, o movimento dos restaurantes diminuiu. Só não tivemos retração por causa do delivery".
Esse canal já é responsável por mais da metade das vendas da rede. Resultado, em grande parte, decorrente de ações recentes da empresa. No ano passado a companhia montou uma cozinha central e expandiu o número de lojas que realizam entregas.
Veículo: DCI