Câmbio favorece produção local
Ao contrário da situação geral do País e do Estado, o município de Espinosa, no Norte de Minas, está atravessando um momento próspero na economia. Graças à valorização do dólar, à demanda crescente de grandes magazines nacionais e à mão de obra qualificada local, a indústria têxtil do município está crescendo, gerando empregos e movimentando outros setores da economia.
“O que está acontecendo tem a ver com o câmbio atual e muitas empresas nacionais especializadas em roupas, incluindo grandes magazines, como Magazine Luiza e Lojas Renner, reduziram as compras da China e passaram a utilizar mão de obra nacional para fazer as peças. Espinosa estava preparada para isso, com mão de obra capacitada e as certificações necessárias”, explicou o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Alcides Rodrigues Gomes Junior.
Segundo ele, as empresas procuram as confecções de Espinosa já com todo o projeto e matéria-prima em mãos, buscando só a mão de obra basicamente. Ao todo são 30 facções, espécie de pequenas confecções, no município e 22 já são fornecedoras desses magazines. Existem ainda outras cinco confecções de porte maior, que têm fabricação própria e vendem para todo o País.
A demanda está tão aquecida que, somente nos últimos 12 meses, dez pequenas fábricas foram inauguradas no município. E a prefeitura está apostando em um crescimento ainda maior do setor. Tanto que criou um distrito industrial (DI), com 10 hectares de área, para abrigar empresas do segmento que querem se instalar ou que precisam de espaço para ampliações.
Até o momento, o DI já conta com 21 galpões, quatro deles com 750 metros quadrados de área construída e outros 17 com 250 metros quadrados. A ideia da prefeitura, conforme explicou o secretário, é de doar o terreno ou galpão para as empresas interessadas mediante a publicação de edital. Além disso, Gomes Junior afirmou que, com a doação do espaço, os custos das facções de pequeno porte serão reduzidos.
De acordo com o secretário, o parque têxtil municipal produz aproximadamente 200 mil peças por mês, girando em torno de R$ 2 milhões mensalmente. Ao todo, o setor gera cerca de mil empregos diretos e, sozinho, movimenta mais da metade da economia local. O município também se tornou referência para outras cidades da região.
Na próxima sexta-feira, o município receberá o 3º Circuito de Oportunidades da Serra Geral (Conseg), com o tema “Negócios e oportunidades da indústria da moda”. O objetivo do evento é fomentar a cadeia produtiva têxtil em Espinosa e região entre clientes, fornecedores e parcerias das facções e confecções locais.
Desemprego - Ao contrário do segmento em Espinosa, a situação atual da indústria têxtil nacional é tão preocupante que, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), o setor vem de um saldo de desemprego elevado desde 2014 (-20 mil postos de trabalho) e, no ano passado, a extinção chegou a 100 mil vagas formais.
Por isso, no começo deste mês, o presidente da Abit, Rafael Cervone, junto com cerca de 200 empresários de diversos setores produtivos do País, se reuniu com o presidente interino Michel Temer, em Brasília, para discutir medidas em prol da retomada do crescimento econômico brasileiro. Cervone apontou cinco ações elencadas como prioridades pelos empresários: redução maior dos gastos públicos, ao invés do aumento de impostos; elevação do crédito para os diferentes setores produtivos e a população; retomada dos investimentos em infraestrutura; redução dos juros; e incremento ao crédito para as exportações.
Veículo: Diário do Comércio de Minas