O preço do leite e dos derivados subiu 10,19%, segundo o IBGE.
Explicação para isso é a queda na produção.
Boa parte das famílias brasileiras já notou: o leite está mais caro e também está faltando no mercado. De janeiro até maio, o preço do leite e dos derivados em geral subiu 10,19%, segundo o IBGE. Somente o leite tipo longa vida teve 15,02% de alta.
O chá quente invadiu o café da manhã da criançada na casa da auxiliar de enfermagem Karina Resende. Antes, todo mundo bebia bastante leite. “Por dia eram dois litros. Daria em torno de 60 litros por mês”, conta.
Só que Karina não conseguiu bancar o leite dos filhos e agora só o menorzinho tem direito. E tem muita gente tendo que mudar o hábito, não só por causa do preço, mas porque está faltando leite no mercado.
“Nos últimos 15 dias eu tô sem umas cinco marcas de leite. Eles não estão entregando”, conta Antônio Ferreira de Sousa, gerente de supermercado.
Em uma padaria, o estoque já baixou e o dono, Augusto Paes, só consegue comprar um pouquinho de cada vez: “Você pede 10 caixas, eles só fornecem seis, cinco, e falam que tentam resolver ou atender posteriormente, mas não trazem o leite depois não”.
Em um mercado de São Paulo, o leite mais barato custa R$ 3,59. Há dois meses, custava R$ 2,89. Quem precisa de grandes quantidades, como uma fábrica de bolos, está sentindo ainda mais o avanço no preço. Na fábrica, o leite é um ingrediente que não pode faltar. São 30 litros por dia para fazer 300 bolos. Antes, há cerca de quatro meses, isso custava R$ 70. Hoje, para continuar fabricando a mesma quantidade de bolo, o pessoal está pagando 50% a mais, cerca de R$ 105.
“Inclusive, em outros derivados de leite eu tenho percebido um aumento. Leite condensado, que eu uso bastante aumentou muito nesses últimos dias, iogurte também teve um aumento. Então, tem refletido muito isso também no nosso preço final”, afirma o empresário Jesiel Xavier.
A explicação para isso é a queda na produção. A época chuvosa é considerada a melhor para que o gado dê leite, só que no último verão, a chuva chegou tarde e forte, prejudicando as pastagens. A ração também ficou mais cara.
E não é só isso: pesquisadores da Universidade de São Paulo dizem que tem produtor mudando o foco do negócio. “Uma tendência que a gente vê também são os produtores de leite migrando para pecuária de corte, atraídos principalmente pelos patamares de preço da arroba do boi gordo e do bezerro. Então, todos esses fatores juntos têm contribuído para essa menor oferta de leite”, explica Wagner Ianaguizaua, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) e coordenador da pesquisa.
Veículo: Jornal Hoje