João Carlos da Cruz obteve o resultado no Desafio Nacional de Produtividade do Cesb
O agricultor João Carlos da Cruz foi anunciado nesta quarta-feira (29/6) como campeão nacional de produtividade de soja na safra 2015/2016. Ele venceu o Desafio Nacional de Máxima Produtividade promovido pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb), com uma colheita de 120,07 sacas por hectare na sua fazenda em Buri (SP).
O resultado da área de 10 hectares que ele inscreveu no concurso é mais do que o dobro do rendimento médio nacional da produção de soja no Brasil, que, neste ano, é de 48,7 sacas por hectare, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Apesar de excepcional, o número do campeão ficou bem abaixo da meta definida pelo Cesb para o desafio deste ano, de 143 sacas por hectare.
O presidente da entidade, Nery Ribas, destacou que o clima desfavorável à produção brasileira neste ano afetou também as áreas inscritas no concurso. “Se não fosse o clima, teríamos conseguido. No próximo ano, queremos chegar a 143 sacas.” O resultado foi apresentado no Fórum Nacional de Produtividade, realizado na cooperativa Cocamar, em Maringá (PR).
Para o presidente do Cesb, os resultados mostram que, mais do que o produto usado na lavoura, é o manejo do sistema produtivo que faz a diferença. Integrados, fatores como perfil e cobertura de solo, inovação e equipamentos poderiam impulsionar o rendimento das lavouras.
A meta da entidade é, até 2020, elevar em 10% a produtividade média pelo menos nas áreas comerciais dos participantes do concurso. Mais do que isso, Nery Ribas acredita possível extrapolar esse objetivo para a produção brasileira de um modo geral. “Aumento de produtividade não acontece de uma safra para outra, mas vamos perseguir esta meta”, disse.
A expectativa do Cesb se baseia em dados de pelo menos oito safras de Desafio Nacional, que mostram resultados bem acima da média do País. São informações que a entidade pretende tornar cada vez mais abertos e passíveis de assimilação por um número maior de agricultores.
Produtividade x custo
Há vários anos, a produtividade brasileira está estagnada em torno de 50 sacas por hectare. Um aumento de 5 sacas por hectare no rendimento médio do Brasil poderia agregar uma renda bruta de R$ 10 bilhões ao complexo soja nacional, calcula o vice-presidente de negócios da Cocamar, José Cícero Abelardo.
“Em um ano atípico, um agricultor que tem alta tecnologia consegue manter sua produtividade acima da média. Quando cai, cai menos do que em outras situações”, disse Aderaldo, em entrevista durante o fórum.
Já o presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, destacou a importância de elevar os níveis de produtividade. Mas ponderou que os custos de produção também aumentam a cada ano, limitando o ganho que o uso mais eficiente da terra pode trazer para o sojicultor.
“Nosso problema maior não é a produtividade, mas o custo de produção. Não adianta o produtor elevar o rendimento da sua lavoura se o custo para produzir for acompanhando”, diz Marcos da Rosa, lembrando que a despesa do sojicultor tem aumentado mesmo com a produtividade “estagnada” em torno de 3 mil quilos por hectare no Brasil.
Rosa defendeu ainda que o País invista mais na retenção dos seus pesquisadores, especialmente nas instituições públicas. Segundo Marcos da Rosa, oferecendo salários maiores, grandes empresas do setor privado têm concentrado a inovação na agricultura.
“As multinacionais são parceiras, mas estão ficando com a nossa inteligência. Não podemos mais ser o índio levando o pau-brasil para o navio português”, diz ele.
*O jornalista viajou a convite do Cesb.
Veículo: Globo Rural