Hershey recusa proposta da Mondeléz

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Gigante de confeitos, dona da Oreo, fez oferta de US$ 23 bilhões pela rival


 
Mondeléz ofereceu US$ 23 bilhões para firmar acordo que criaria a maior fabricante de doces do mundo A Mondeléz, segunda maior empresa de confeitos do mundo e dona de marcas como Oreo, Toblerone, Lacta e Trident, fez uma oferta preliminar de compra à Hershey, a quinta maior nesse segmento açucarado. A proposta de US$ 23 bilhões e que resultaria na criação da maior companhia global do setor foi recusada. A Hershey afirmou, em nota, que não vê razão para que as discussões continuem.
 
A fusão garantiria à Mondeléz controle sobre a produção e distribuição de sua marca de chocolates Cadbury nos EUA, cuja licença para fabricação está nas mãos da Hershey, que paga royalties à dona da Oreo. A empresa levaria ainda o direito de fabricar e distribuir o Kit Kat no mercado americano. A Nestlé produz o chocolate globalmente, mas a Hershey tem os direitos da marca nos Estados Unidos.
 
Gerida por um trust (sociedade fiduciária) tradicionalmente avesso à venda, a Hershey é vista como alvo difícil para aquisição. Mas, o fato de o acordo não ter sido fechado, não significa que o casamento esteja fora de questão. Ontem, as ações das duas empresas americanas subiram, num sinal de que a possibilidade de negócio animou investidores. No caso da Mondeléz, a alta foi de 2,54%, fechando o dia em US$ 45,51. Já a Hershey, de 16,35%, para US$ 113,49. MOMENTO PROPÍCIO PARA EXPANSÃO Há robustas cifras em jogo. A Mondeléz registrou US$ 30 bilhões em receitas em 2015, somando US$ 69,7 bilhões em valor de mercado. Hoje, é a segunda maior do mundo, com 12,8% de participação de mercado, segundo dados da Euromonitor, ficando atrás apenas da Mars, que detém 13,5%. A Hershey, dona de 5,2% do segmento global, está avaliada em US$ 24 bilhões. No Brasil, a Mondeléz tem a liderança, e a Hershey está em 8º lugar.
 
“O trust é aparentemente muito comprometido em manter a companhia independente”, afirmou, em junho de 2015, a analista Alexia Howard, da consultoria Bernstein. “Então é quase impossível para um ativista se envolver ou para a empresa ser comprada”, avaliou.
 
A semente do modelo de gestão atual foi plantada há mais de 120 anos, quando Milton S. Hershey fundou a companhia. Os dois primeiros negócios do empresário, também no ramo de doces, quebraram. A Hershey foi sua terceira tentativa. No início do século XX, porém, criou uma escola para meninos órfãos e em situação de risco. Na cidade onde iniciou o negócio, hoje chamada de Hershey, na Pensilvânia, ergueu uma comunidade modelo, com casas, escolas, parques. O trust veio com a missão de manter esses projetos.
 
Nos últimos três anos, o preço das ações da Hershey está perto da estabilidade, aponta reportagem da Bloomberg. E o segmento de balas e chocolates não é das áreas de crescimento mais rápido no setor de alimentos. Falta espaço para inovações, e os mais jovens direcionam o consumo para produtos mais saudáveis.
 
Rogério Gollo, sócio responsável pelo segmento de fusões e aquisições da PwC, explica que a tendência atual é de consolidação nos diversos segmentos de consumo. O movimento é explicado pela retomada do crescimento, após alguns anos de recessão:
 
— Com a situação melhor nos Estados Unidos e em diversos países da Europa, é hora de ganhar escala e reduzir custos para ganhar novos mercados. A alta liquidez incentiva a compra de empresas. Quem pode vai adquirir concorrentes para ganhar em participação de mercado.
 
Nesse movimento, os investidores e compradores também estão dispostos a pagar valores mais altos que no passado diante dos desafios que têm de enfrentar. A Hershey pode esperar uma espécie de leilão pela empresa, que pode atrair outros grandes do segmento, como a Nestlé e a Kellogg, informou a Bloomberg. A Mondeléz não comentou.
 
Veículo: Jornal O Globo


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